Por Joyce Clara e Gabriel Aparecido
Por Gabriel Aparecido, Gabriele Proença, Joyce Clara, Maria Cecília e Vinicíus Orza
Marcado pela diversidade musical, o 35° Festival Universitário da Canção (FUC) aconteceu no último sábado (17) no Cine-teatro Ópera contando com 12 apresentações de artistas da região, selecionados entre os 39 inscritos. Também se apresentaram os vencedores da edição passada, a banda Você, Eu e os Isqueiros, e o grupo convidado Francisco, el hombre.
A noite começou com uma série de homenagens. Primeiramente às cantoras Rita Lee e Gal Costa, na voz de Vivian Bueno, e posteriormente a Flávio Fanucchi e Hélcio Kovaleski, figuras que marcaram o cenário cultural de Ponta Grossa. A primeira interpretação, deixando o festival repleto da energia inicial necessária, foi da Chave de Mandril, com a música Bate Palma, que explora elementos das religiões de matriz africana.
Vivian Bueno (esquerda) e Julio Mano (direita) cantando os sucessos de Rita e Gal para abrira a noite / Foto: Gabriel Aparecido
Em seguida, Silvestre Alves subiu aos palcos com seu violão e apresentou a canção Acalanto Princesino, homenagem do compositor aos Campos Gerais. “Maravilhosa, eu estava um pouco nervoso em casa, mas impressionante como a energia que você tem desse ambiente, pra cantar (…) foi surpreendente” foram os comentários do compositor sobre a sensação de participar do FUC.
“Eu vi de Oxum na cachoeira. Me dê a Justiça Xangô. Eu quero o Amor de Yemanjá. Me traga a paz de Oxalá”. Bate Palma, letra de Rômulo André. Foto: Joyce Clara
Posteriormente, as primeiras vozes femininas exclamaram o desejo pelo simples direito de viver em paz. A pontagrossense MUM trouxe a canção Sanguinária: “E não se esqueça/ Que sou dona disso tudo/ A mulher do fim do mundo/ A espada e o canhão”, mostrando toda sua raiva em relação àqueles que subjugam mulheres no dia a dia. E logo após veio Não Quero Ser Mais Uma, interpretada por Lorinezz, mostrando como mulheres clamam para não serem mais uma na estatística nacional de violência.
O movimento hip-hop também esteve presente neste FUC, desta vez representado pelo grupo 3Madru com a emocionante Aprendi Amar, e com a dupla Gafanhoto e Amanda Kristin, que trouxeram o lirismo para a belíssima letra de Brinde. Os vocalistas do grupo PG Town comentaram sobre o nervosismo em subir no palco, mas que a “energia da galera” conseguiu transformar a apresentação em algo único.
Assim como para o cantor EULIMO, que trouxe sua história para o palco com a música “Felicidade: a autocinesia :)”. O vencedor de melhor intérprete do 34º FUC emocionou a plateia com a canção, que dá título ao seu último álbum. Para os repórteres Gabriel Aparecido e Maria Cecília Tramontin, ele comentou um pouco sobre a sensação de apresentá-la:
A noite seguiu com a apresentação do Grupo Samba com Dendê, que trouxe Samba de Terreiro para o Cine-Teatro Ópera. A música misturou os elementos de um samba clássico com o batuque e elementos do hip-hop em sua composição instrumental.
Brayan (vacalista), Vitor Santos, Saymon, Jump e Carlos levaram a cultura da umbanda para o Ópera / Foto: Joyce Clara
Trazendo a criança interior de cada pessoa presente nas cadeiras do Ópera, a dupla Casa Cantante, composta por Juliani Ribeiro e Joãozinho, apresentou a Carta aberta ao Mundo em Ré Maior, com a temática cuidar da Terra e de seus moradores. A dinâmica da dupla foi de levar uma carta e convidar o público para assiná-la e se comprometer em ajudar com mudanças no planeta.
”Lembre-se que o futuro e a vida do nosso planeta estão nas nossas mãos” frase que está na Carta Aberta ao Mundo em Ré Maior. Foto: Joyce Clara
Com a autoral Minha Pele, Willian Braz subiu aos palcos do FUC pela primeira vez, e com sua gaita, violão e voz trouxe uma música leve sobre o amor. Já Fernanda Corrêa, a partir de um momento difícil, compôs Estrada de Fé e proporcionou uma dose de otimismo ao público, a partir de uma letra que fala sobre ter esperança em meio às dificuldades: “Vai ficar tudo bem, mesmo no meu deserto / As lutas virão, mesmo cansado sigo minha direção”. A décima segunda apresentação foi sobre um amor platônico, com a banda DuoDuke encerrando a primeira parte da noite.
Premiação
A cantora e compositora Janine Mathias foi uma das responsáveis pela curadoria desta edição. Para o Cultura Plural, ela comentou sobre o poder da música e a dificuldade de escolher os artistas, pela sensibilidade que cada composição possuía.
E com essa dúzia de canções que mostram diferentes aspectos da sociedade em que vivemos, o júri composto pela ganhadora do FUC em 1983, Geanine Leme, e pelos músicos Íria Braga e Thiago Xavier de Abreu optou pelos seguintes vencedores:
– Primeiro Lugar: MUM
– Segundo Lugar: Lorinezz
– Terceiro Lugar: Chave de Mandril
– Melhor Letra: Gafanhoto e Amanda Kristin
– Melhor Intérprete: EULIMO
Para as repórteres Gabriele Proença e Joyce Clara, MUM conta como é ser uma artista mulher em Ponta Grossa “Eu inserida como mulher, o cenário (musical) é bem dominado por homens, então a gente fica meia avulsa, mas a gente se une na força que a gente tem”. E defende que um número de vagas sejam reservadas às mulheres nos editais da cidade, visto a pouca presença delas em relação aos homens selecionados para estes eventos – como no Sexta às Seis, onde MUM foi a única mulher selecionada.
“Me jogaram numa vala. Me deixaram pra morrer”. Trecho da música Sanguinária. Foto: Gabriel Aparecido
Além dos cinco escolhidos, esta edição do Festival concedeu dois prêmios para votos do público, com uma votação ocorrendo pelo Instagram e outra com participação dos presentes no Ópera. Os vencedores dessas categorias foram:
– Voto Popular: MUM
– Voto pelo Instagram: 3Madru
Coro Cidade de Ponta Grossa
Para apresentar os vencedores, a organização do FUC convidou o Coro Cidade de Ponta Grossa para cantar alguns versos da música escolhida, além de fazerem o mesmo para apresentar os competidores. Entretanto, os vocalistas da banda permaneceram em silêncio nas músicas das bandas Chave de Mandril e Samba com Dendê, únicas que falavam sobre religiões de matriz africana. Questionamentos foram levantados pelo público nas redes sociais. Em nota divulgada nas redes sociais, a UEPG afirmou que “[…] a exclusão [da letra da canção] foi incompatível com os princípios da instituição”
Francisco, el hombre
Para encerrar uma noite cheia de energia e de múltiplas sonoridades, Francisco, el hombre fez com que cada um levantasse de sua poltrona para cantar e dançar com a mescla de ritmos brasileiros e mexicanos, característica da banda de Campinas.
O público se emociona com a banda Francisco, el hombre. Foto: Joyce Clara