Em 18 de novembro, o clima em Ponta Grossa finalmente ficava ameno, após longos períodos de chuva e frio. Mais afetuoso que o clima era o palco do Sexta às Seis, colocado em frente à Estação Saudade, com uma mudança de cenário que foi um dos motivos para o público mais reduzido. Porém, o público conseguiu preencher a grama com um calor que só a música pode trazer para uma cidade.
É impossível falar sobre esta edição do Sexta às Seis de 2022 sem utilizar palavras mais melódicas e sentimentais. Tudo, desde o começo, teve um ar diferente, de renovação e de esperança. As apresentações do dia ficaram por conta de MUM e PG Town, duas das atrações que representam ritmos diferentes para o festival. Isso não quer dizer, é claro, que não foi um ano com mais renovações. Desde o heavy metal gospel até a apresentação de duas bandas completamente instrumentais, o Sexta às Seis de 2022 trouxe inovação. Entretanto, em nenhuma das sextas-feiras essa mudança necessária ficou tão clara quanto no dia 18 de novembro.
Gabriela de Paula subiu ao palco com pose de performer e um sorriso tímido de quem reconhece os rostos da plateia. A partir daí, desde sua primeira música, demonstrou o poder avassalador de uma mulher em frente a uma banda. A cantora, reconhecida como MUM, é a única mulher que representa a peça frontal de um grupo no Sexta deste ano. Sua apresentação foi marcada por vocais poderosos, capacidade de performance e representatividade. Tudo no palco gritava em nome do amor em sua forma mais pura.
A cantora iniciou sua carreira em 2017 e teve seu primeiro lançamento representado por um EP chamado “Nebulosa”, em 2019. Ela conta que estava preocupada antes de fazer sua apresentação, pois seria o maior show de 2022 para ela e também sua volta ao palco do Sexta. “Superou minhas expectativas. Foi um show muito afetivo, me senti muito amada. Foi muito importante trazer algumas discussões para o palco, ponderadas pelo amor”, comemora. A apresentação contou com participações especiais de Amanda Kristin (vocal), Mariê Mazer (dança), Anthonny Felipe (sax), Lilo (vocal) e Stanley (vocal).
A PG Town subiu ao palco podendo aproveitar o mesmo clima de alegria da plateia, que já havia, na hora anterior, demonstrado o quanto essas apresentações eram importantes e, principalmente, divertidas. Representando o único grupo de rap selecionado para o Sexta às Seis deste ano, a banda trouxe para o festival canções sobre assuntos diversos, incluindo o próprio ato de fazer rap. A alegria no palco era tão contagiante que o público, assim como os músicos, não parou de dançar enquanto o show não chegou ao fim.
Juliano Gafanhoto relatou que a apresentação foi prazerosa para todos os membros do grupo, e destacou a qualidade do som do festival como um dos motivos pelos quais o resultado musical foi alcançado com ainda mais facilidade: “Estávamos nos ouvindo bem no palco, e quando está dessa forma, a gente fica até com mais vontade de tocar”. Ele conta que a PG Town iniciou em 2011 e, após pausas, retornou às atividades em 2019, para uma apresentação no próprio Sexta às Seis. Sobre a apresentação de 2022, Gafanhoto celebra o fato da PG Town ter sido selecionada, e reforça a necessidade de trazer o rap para espaços como esse, como forma de valorizar o trabalho de diversos artistas da cidade.
As (poucas) mulheres do Sexta
Três das quatro mulheres que foram selecionadas pelo edital do Sexta às Seis deste ano estavam no mesmo palco durante a apresentação da MUM. Aline Garabeli, que já havia se apresentado antes como tecladista da banda Tiriva Instrumental, cumpriu a mesma função em uma banda diferente. Amanda Kristin, do grupo PG Town, subiu ao palco para uma participação antes de se apresentar com sua banda, e cantou com MUM. Juntas, as três mulheres representavam não somente a esperança de representatividade feminina na música ponta-grossense como a indignação por caberem em um só espaço ao mesmo tempo.