Por Aline Cristina Zinser e Renato Valenga
Na noite de quinta-feira (12), o Cine-Teatro Ópera ficou tomado de alegria logo na entrada com as apresentações dos grupos Rádio Comida e Tuingo e Tião – uma dupla de baião. Os grupos, que participam da mostra especial do 43º Fenata, fizeram seu próprio espetáculo antes da peça principal e envolveram o público com muito humor.
Chegada a vez da peça principal, o espetáculo “Esse corpo é meu?” lotou o auditório e deixou os espectadores com um sentimento de reflexão sobre os moldes e até mesmo transformações que as pessoas precisam passar para serem reconhecidas no meio social. O grupo Téspis Cia. de Teatro tratou da transexualidade em um trabalho que incorpora a linguagem corporal com textos em off.
“A proposta é trazer essa reflexão sobre o corpo para instigar as pessoas a olhar de novo e repensar seus conceitos”, explica a atriz Denise da Luz. Segundo ela, o fato de não haver falas durante as cenas ajudou os artistas a se concentrarem em certos detalhes, para que pudessem dizer muito mais do que palavras.
O debate após a peça reuniu o maior público até então no festival e discutiu as questões de gênero e o senso crítico que a peça causa no público. “A questão de gênero é um mito imposto pela sociedade, não se pode ainda falar disso. É necessário colocar esse assunto nas escolas e na formação das pessoas, pois ele é importante para gerar opiniões e senso crítico”, fala a espectadora e estudante Victória Belo Eleutereo.
Às Dez em Cena
Às 22h30, no auditório da Reitoria no campus central da UEPG, foi a vez de Rosana Stavis apresentar o monólogo “Árvores Abatidas ou Para Luis Melo”, dirigido por Marcos Damaceno, de Curitiba. Rosana interpreta uma mulher sem perspectivas, que foi convidada para um jantar de celebridades logo após a morte de uma amiga querida. Ela desenvolve o monólogo e critica um teatro onde os atores se colocam como pessoas sagradas, mas que, na opinião dela, são pessoas completamente vazias.
O debatedor Rafael Camargo destaca a habilidade vocal da atriz na materialização das personagens. “O espetáculo é de altíssimo nível. A construção das personagens, o domínio vocal e a condução das cenas em tempo e ritmo exato é altamente notável. Uma grande atriz nos comovendo, nos permitindo transcender e nos fazendo esquecer da vida real”, observa.
Também na quinta-feira, o Grupo Bolinho apresentou a peça “Velhos Amigos”, no calçadão da Rua Coronel Cláudio, e a companhia Inquieta Cia Teatro apresentou, às 14 horas, a peça “O Esconderijo dos Gigantes”, no Teatro PAX.