Por Gabriel Aparecido, Gabriele Proença, Joyce Clara e Victor Schinato
Na terça-feira (07) os palcos do 51° FENATA receberam 5 peças: Gargalhar para Desestressar, no Instituto de Educação; O Carteiro, no Sesc Estação Saudade; Reza, no auditório da Proex; Big Bang e WWW para Freedom, no Cine-Teatro Ópera.
O espetáculo “Reza”, do Grupo de Teatro da Unicentro, trouxe aos palcos do FENATA o folclore do interior do Paraná sob a forma das benzedeiras. Em uma mudança de local por conta das recentes chuvas, a peça aconteceu no auditório da PROEX, às 19h.
Caracterizadas usualmente por mulheres de idade que, por meio da religião, performam ritos de cura na população, a figura da benzedeira é uma forte representação da pluralidade de cosmovisões no estado. Na narrativa, dois personagens idosos, um homem e uma mulher, narram as histórias que atravessaram suas vidas enquanto pessoas que acreditam na cura por meio da fé e as famosas simpatias de vó. Ao abordar a importância da fé para a cura das pessoas, a peça passa por momentos de humor, fantasia e questionamentos sobre a dificuldade de ajudar quem está mais próximo.
Júnior Portela e Rebeca Mendes estrelam o espetáculo, ambos netos de benzedeiras, e afirmam que a peça se aproxima de um local muito pessoal para eles. Sobre o processo de criação da peça, eles contam que “foi uma pesquisa mesmo, nós pesquisamos histórias de benzedeiras, e a partir disso criamos nossa peça”. Os atores relatam que as benzedeiras foram parte de suas vidas, e que as histórias narradas na peça são verídicas, ou ao menos que quem as contou originalmente acredita que sim.
Com um cenário que evoca a casa da família da audiência e um espetacular trabalho de linguagem, para que as falas dos personagens de fato fossem semelhantes a de quem contou as histórias originalmente, “Reza” é uma das peças regionais que trouxe a cultura paranaense em um espetáculo curto e divertido.
A peça reza foi seguida do espetáculo “Big Bang”, apresentado pelo Grupo de Teatro Universitário da UEPG. A narrativa apresenta como surgiu a terra, mostrando como foram feitas as escolhas de criação desde a pedra até o ser humano, evidenciando todas as questões complexas envolvidas na vida e na morte. O texto de Tairone Vale leva ao público a reflexão das escolhas que os indivíduos fazem, principalmente a partir da criação de armas, onde a disputa por riquezas e posições de poder se sobrepõe ao amor e cuidado com o próximo. O teatro também apresenta diversas perspectivas acerca do comportamento humano, com suas complexidades em relação aos sentimentos e o potencial tanto destrutivo quanto construtivo da humanidade.
O GTU tem relação intrínseca com o próprio festival, pois nasceram no mesmo ano, 1973, a partir de José Faria Moritz – ou Telmo Faria como é conhecido. O reitor na época, Álvaro Augusto da Cunha Rocha e primo de Faria o convidou para dirigir esse grupo, e foi nesse momento que a ideia de um festival de teatro amador surgiu. Em 1986 o grupo foi extinto, voltando apenas neste ano, tendo a peça Big Bang como marco desse retorno.
Ana Julia Prande, uma das atrizes da peça, conta como foi sua introdução no grupo “Eu entrei no GTU porque eu faço artes visuais e queria aprender mais teoria de teatro, só que no decorrer eu comecei a me apaixonar no teatro”. Ela comenta como todos integrantes criaram um vínculo de amizade e conclui: “Como primeira vez subindo aqui [ no palco] eu acho que foi uma experiência única e eu pretendo subir novamente e novamente”.
O publicitário Jorge Felipe Marçal, que com a peça Big Bang assistiu sua primeira apresentação do Fenata, aponta o que mais gostou do teatro. “Eles conseguiram transformar algo complexo, como a criação do mundo, em algo mais simples e divertido para a galera”, diz Jorge Felipe.
Para a última peça do dia, Esio Magalhães traz para o palco o solo “WWW para Freedom”, obra que retrata de maneira cômica os horrores da guerra. De acordo com o palhaço, a ideia nasceu a partir da iminência de ataque dos Estados Unidos ao Iraque em 2001, começando com uma história simples que contava somente com o clímax da narrativa atual, onde o personagem interage com a plateia para que eles o atinjam com bombas (doces, no caso da apresentação).
Com o passar dos anos, Magalhães comentou que a história foi ganhando forma, profundidade e atualizações, como a interação do personagem com Willis, seu amigo de infância encontrado na guerra e que não aparece em nenhum momento, por exemplo. Entretanto, o artista lamenta “eu pensei que o espetáculo seria datado”, mas como muitos do público também comentaram a temática ainda se mantém atual: o horror da guerra.
Hoje (08) às 19h acontece a peça “Memórias”, no Teatro CECI, já o colégio 31 de Março recebe “Sesmarias das Paragens do Iapó”, no mesmo horário. Já às 20h no Cine-Teatro Ópera acontece a peça “O Pregoeiro” e para encerrar o dia tem “Animo Festas”, com início às 22h.