Por Maria Helena Denck
2024 é o ano do Brasil na cerimônia do Oscar. Com três indicações às categorias principais (Melhor Filme Internacional, Melhor Atriz e Melhor Filme), a estatueta dourada deixa de ser um sonho distante para tornar-se uma – quase – realidade. No domingo, dia 2 de março, o país para e assiste à equipe de Ainda Estou Aqui competindo com grandes estrelas consagradas de Hollywood. Mesmo com toda essa ansiedade, vale o lembrete: essa não é, nem de longe, a primeira vez que nomes conhecidos ao povo brasileiro chegam ao Oscar.
1945
Brazil (dir. Joseph Santley) conta a história de um músico brasileiro que se dedica a escrever uma música para um festival. O brasileiro Ary Barroso foi indicado à categoria de Melhor Canção Original por “Rio de Janeiro”, mas perdeu para “Swinging on a Star”, do filme Going My Way.
1960
Orfeu Negro (dir. Marcel Camus) concorreu à categoria de Melhor Filme Internacional. Apesar de ser uma coprodução brasileira, francesa e italiana, na cerimônia o longa representou somente a França e levou a estatueta.
1963
O Pagador de Promessas (dir. Anselmo Duarte) foi o primeiro longa a representar o Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional. Acabou perdendo para o filme francês Les dimanches de Ville d’Avray.
1979
O documentário Raoni (dir. Jean-Pierre Dutilleux e Luiz Carlos Saldanha) foi uma coprodução belga, brasileira e francesa. Concorreu a Melhor Documentário, mas perdeu para Scared Straight.
1982
Outro concorrente à categoria de Melhor Documentário, El Salvador: Another Vietnam foi uma parceria entre a diretora brasileira Tetê Vasconcellos e o americano Glenn Silber. O documentário perdeu para Genocide.
1986
Grande nome quando se fala da premiação, O Beijo da Mulher-Aranha contou com a direção brasileira de Hector Babenco e nomes conhecidos na atuação, como Sônia Braga. O filme concorreu a quatro estatuetas: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator e Melhor Roteiro Adaptado. Na ocasião, levou uma das categorias, de Melhor Ator, com o americano William Hurt.
1996
Retornamos à categoria de Melhor Filme Internacional com O Quatrilho (dir. Fábio Barreto). O ganhador foi Antonia, representante dos Países Baixos.
1998
O Que É Isso, Companheiro? (dir. Bruno Barreto) também concorreu a Melhor Filme Internacional, mas quem levou a estatueta para casa foi Karakter, também representando os Países Baixos.
1999
Outro grande marco para o país. Central do Brasil (dir. Walter Salles) concorreu a duas categorias: Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz para Fernanda Montenegro, a primeira brasileira a concorrer a uma das categorias principais. Na ocasião, a atriz americana Gwyneth Paltrow e o longa italiano La vita è bella venceram o Brasil.
2001
O curta-metragem Uma história de futebol (dir. Paulo Machline) concorreu à categoria de Melhor Curta-Metragem em Live-Action. Perdeu para Quiero Ser.
2004
Cidade de Deus (dir. Fernando Meirelles) conquistou quatro indicações: Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Edição. Não levou nenhuma das estatuetas.
No mesmo ano, Gone Nutty (dir. Carlos Saldanha), coprodução entre o Brasil e os Estados Unidos, concorreu a Melhor Curta-metragem de Animação, mas também perdeu para Harvie Krumpet.
2005
O filme dirigido por Walter Salles, Diários de Motocicleta, conquistou uma indicação a Melhor Roteiro Adaptado e ganhou na categoria de Melhor Canção Original, para “Al otro lado del río”. O filme foi co-produzido pela Argentina, Alemanha, Brasil, Chile, Estados Unidos, França, Peru e Reino Unido.
2011
A co-produção do Brasil e do Reino Unido, Lixo Extraordinário (dir. Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley) concorreu a Melhor Documentário, mas perdeu para Inside Job.
2012
A canção original “Real in Rio”, feita para o filme Rio (dir. Carlos Saldanha) e escrita por Sérgio Mendes, Carlinhos Brown e Siedah Garrett concorreu a Melhor Canção Original, mas perdeu para “Man or Muppet”, do filme The Muppets.
2015
O Sal da Terra (dir. Wim Wenders e Juliano Salgado) concorreu a Melhor Documentário, mas perdeu para Citizenfour. O documentário foi uma coprodução brasileira, francesa e italiana.
2016
O Menino e o Mundo (dir. Alê Abreu) foi o primeiro filme brasileiro a concorrer à categoria de Melhor Animação. Na ocasião, perdeu para Divertida Mente.
2018
O longa Me Chame pelo Seu Nome (dir. Luca Guadagnino) teve produção brasileira, estadunidense, francesa e italiana. O filme concorreu a Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Canção Original e venceu a categoria de Melhor Roteiro Adaptado.
No mesmo ano, outra coprodução brasileira, Ferdinando, dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, concorreu a Melhor Animação, mas perdeu para Coco.
2020
O documentário brasileiro Democracia em Vertigem (dir. Petra Costa) foi indicado a Melhor Documentário, mas perdeu para American Factory.
2022
Lead Me Home, dirigido pelo brasileiro Pedro Kos e o americano Jon Shenk, concorreu a Melhor Documentário de Curta-Metragem, mas perdeu para The Queen of Basketball.
2025
A cerimônia do Oscar de 2025 ainda não aconteceu, mas Ainda Estou Aqui (dir. Walter Salles) concorre aos prêmios de Melhor Filme, Melhor Atriz e Melhor Filme Internacional, com chances reais de vitória em todas as categorias. É a segunda vez que uma brasileira é indicada ao prêmio de Melhor Atriz: Fernanda Torres fica atrás somente de sua própria mãe, Fernanda Montenegro.
A trajetória do Brasil no Oscar nem sempre foi de vitórias, nem de protagonismo total. Mesmo assim, nomes significativos representaram o país desde 1945, carregando todo o talento brasileiro para a noite mais importante do cinema mundial. No dia 2 de março, três marcos podem mudar a história do cinema para o Brasil. Resta-nos ansiosamente aguardar.