Por Cultura Plural
Por Ingrid Muller
Para que eu não desapareça ao menos uma vez é a mais nova exposição artística que ocupa a Galeria de Arte da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (PROEX) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A mostra, que teve seu lançamento em 26 de fevereiro, integra obras que exploram a noção de pertencimento e existência, misturando memórias, traumas, desejos e emoções no processo criativo. A exposição marca o reencontro de quatro artistas: Mateus Margraf, Maria Luisa Derbis, Gracyelle Machado e Livia Nagao, que compartilharam experiências na graduação em Artes Visuais na UEPG a partir de 2017. Após a formação, exigências da vida os distanciaram da produção artística. A oportunidade de expor na galeria da PROEX surgiu como um resgate dessa trajetória e uma reafirmação do espaço de cada um dentro da arte.
Com curadoria de Patrícia Câmara, a mostra explora o desaparecimento sob diferentes perspectivas, não apenas como um fenômeno simbólico, mas como uma realidade vivida pelos artistas. Mateus Margraf, um dos expositores, explica que a proposta dialoga com a dificuldade de seguir no campo artístico após a graduação. “O desaparecimento pode estar associado ao esquecimento, à falta de oportunidades, à descontinuidade da produção ou até ao apagamento da identidade artística”. As obras se relacionam com a reflexão de David Le Breton sobre o “desaparecimento de si”, discutindo como a sociedade contemporânea impõe uma constante necessidade de autoafirmação e adaptação. “O título sugere uma resistência a esse apagamento, um desejo de permanência, nem que seja por meio da arte, por um instante”, destaca Mateus.
A relação entre permanência e efemeridade também está presente no próprio nome da exposição. Gracyelle Machado, também expositora, reforça que o título carrega o desejo de marcar presença em um mundo que exige constante reinvenção. “A frase remete à busca por deixar uma marca, ainda que efêmera, em um mundo que exige constante reinvenção e exposição. Nesse contexto, a exposição se torna um espaço de reafirmação, onde nós, artistas, não apenas compartilhamos nossas criações, mas também reafirmamos nosso lugar no mundo”.
As obras apresentadas transitam entre diferentes sentimentos e sensações. Para Gracyelle, a essência da exposição pode ser resumida em uma única frase: “um manifesto visual sobre a resistência e memória diante da vulnerabilidade e do esquecimento”. Além de convidar os espectadores a refletirem sobre a condição do artista, a mostra também propõe um olhar para dentro. Mateus cita uma frase de Carl Jung, presente em uma das obras, que sintetiza esse conceito: “quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta.”
Ao percorrer a exposição, os artistas esperam que o público se identifique com as reflexões propostas pelas obras e encontre nelas um espelho para suas próprias experiências. “Espero que o público consiga identificar aquilo pelo qual luta e vive, que confronte suas sombras e busque sua própria identidade, reconhecendo suas raízes e seu lugar de pertencimento no mundo”, deseja Gracyelle. Mateus ressalta a importância de uma conexão profunda com as obras. “Buscamos não apenas que o espectador observe, mas que ele também se enxergue dentro dessa reflexão.”
A exposição permanece aberta para visitação gratuita até o dia 10 de abril na Galeria de Arte da PROEX, localizada na Praça Marechal Floriano Peixoto, 129, no centro de Ponta Grossa.