Por Cultura Plural
Foto: Lorena RochaPor Lorena Rocha
“Preservando, discutindo e observando, através da fotografia, a memória do concreto e do ferro que ainda (r)existe nestes patrimônios, que nos estimulam a admirar a vida através da arquitetura, da matéria e do firmamento como imperativo de olhar pro céu” – esta é apresentação de Natasha Dias na descrição da exposição fotográfica Olhe pro céu! que teve abertura na última quinta-feira (30), no Acervo Municipal de Obras de Arte de Ponta Grossa.
São 23 fotos no inventário fotográfico da verticalização do município pelo olhar fotográfico da artista e arquiteta Giovana Paganini. Através da fotografia e da pesquisa, ela sugere que seja possível explorar as ruas históricas e as linhas arquitetônicas princesinas de forma mais poética, que instigue a desvendar linguagens ecléticas, modernistas, pós-modernas e brutalistas dos edifícios da cidade fora do espaço expositivo. O mapeamento leva em consideração sete pontos de referência centrais da cidade: a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Campus Central, o Cemitério Municipal São José, a Praça Barão do Rio Branco, o Terminal Central, a Praça dos Polacos, o Parque Ambiental e a Praça Floriano Peixoto.

A curadora aponta que, na contemporaneidade, indivíduos percorrem avenidas movimentadas em um dia a dia cada vez mais agitado e a verticalidade da cidade também acelera, porém está longe da percepção popular. Essa sociedade, refletida pelo consumo no pós-digital, é provocada pela artista Giovana Paganini em uma simples exclamação inspirada no trecho da canção “Olha pro céu, meu amor” de Luiz Gonzaga, ideia exposta na página do Instagram Beira Seveira (@beiraseveira), que aproxima e explica temas como patrimônio, restauração e preservação da arquitetura histórica local.
Giovana intitula as fotos dos edifícios de forma técnica e também carinhosa, o que revela seu apego e conhecimento da arquitetura presente na cidade: “As pastilhas do Inajá! Os azulejos do Dona Laurice e do Dona Leocádia! O mármore do Imperador! A fachada dançante do Princesa! Quantos detalhes que contam tanto da nossa cidade, é só… Olhar pro céu!”

Além de repercutir a importância e o poder da fotografia na sociedade, a exposição fomenta a cultura de Ponta Grossa, que ultimamente experimenta um contexto de desvalorização com construções de diferentes linhas arquitetônicas sendo demolidas – um exemplo é o do imóvel modernista que ficava situado à Rua Penteado de Almeida com a Francisco Ribas e que, não aprovado na Sessão Pública de Tombamento do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (COMPAC), foi derrubado no início do mês de outubro.
O espaço estará aberto para visitação no Acervo Municipal de Obras de Arte até o dia 28 de novembro, junto da integração de acessibilidade com experiências sensitivas de impressões 3D das fotografias e audiodescrição para pessoas deficientes visuais.
A exposição é de produção de Beira Seveira e o projeto é aprovado pela Secretaria do Estado da Cultura – Governo do Paraná com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fornecimento a Cultura, Ministério da Cultura – Governo Federal.
