Por Vinícius Orza
O 37° Festival Universitário da Canção (FUC) levou ao palco do Grande Auditório do Campus Central da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) doze músicas no último sábado (14). O espaço da Universidade foi escolhido para sediar a edição deste ano devido a reformas recentes no Cine Teatro Ópera, além de resgatar as origens do evento que havia se iniciado no mesmo local em 1980, ano da primeira edição. “Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar”, frase eternizada pelo músico Zé Ramalho, foi usada como slogan durante a divulgação do evento.
A noite teve início com a apresentação da vencedora da edição anterior do FUC, Lorinezz, que cantou “Relato da Maria”, música que foi condecorada em 2024 com o primeiro lugar da competição e o prêmio do Júri Popular. Em seguida, a canção “Ontem, Hoje e Amanhã”, com composição de José Ruiter Cordeiro e interpretação de Cecília Ribeiro, reviveu o passado. A música havia sido apresentada décadas atrás no mesmo palco, em 1983, pela própria mãe da artista, conquistando o segundo lugar naquele dia, além do prêmio de melhor interpretação.
Durante o evento, a organização destacou o fato de o Festival ter se tornado um patrimônio imaterial de Ponta Grossa em 2024. O troféu e a cenografia do 37º FUC foram confeccionados com as técnicas do artesanato em palha, fruto da parceria entre o projeto Palha de Ponta, a Casa do Artesão de Ponta Grossa e a professora de Artes Visuais da UEPG, Adriana Suarez. O DJ Johnny Freitas animou os intervalos entre as apresentações em mais um ano, ao celebrar a musicalidade plural do país por meio da mistura de timbres brasileiros com elementos eletrônicos.
No total, 49 músicas foram inscritas e passaram pelo processo de curadoria – realizada por Janine Mathias (Curitiba/PR), Téo Ruiz (Curitiba/PR) e o Maestro Nelson Lopes (Palmeira) – que selecionou as 12 que seriam apresentadas. O júri responsável por julgar e definir os vencedores da noite foi composto pelos músicos Rogéria Holtz (Curitiba/PR), Luiz Fernando Diogo (Curitiba/PR) e Julia Klüber. Julia relembra com nostalgia o ano de 2018, quando se apresentou no festival. “Nos dá empatia por quem vai se apresentar e é uma forma de ser mais sensível”, relata. Sobre o processo de avaliação, ela observa: “é muito difícil de avaliar a arte, mas a sensação e o quanto ela nos toca acabam sendo fatores na hora de dar a nota”.
Apresentações musicais
A recém-nascida banda de shoegaze pontagrossense, Ultraleve, envolveu o público com a primeira apresentação da noite. Uma sonoridade etérea com quebras de ritmos e muitas influências do rock alternativo foram mesclados aos vocais suaves da vocalista em consonância com aqueles de fundo que encorparam a música. Apesar do imprevisto de uma corda do baixo ter estourado e interrompido a banda, os integrantes não deixaram em momento algum a energia cair. O guitarrista e compositor, Adryan Rosa, conta que a música surgiu como uma forma de recomeçar após um momento difícil de sua vida “Foi uma forma de poder ver algo novo e ser feliz de volta”, declara.
Inspirações: Radiohead, my bloody valentine e Slowdive.
A banda Chave de Mandril trouxe as brasilidades que compõem a diversidade musical e cultural do país na música “Du Pará ao Paraná”. O conhecido grupo das ruas e festivais de Ponta Grossa aposta em melodias orgânicas, com influências de gêneros típicos brasileiros que mesclam e homenageiam o samba e o forró. O vocalista e compositor, Rômulo André, relata que a música estava originalmente engavetada há cerca de sete anos, mas foi finalizada em dupla com o outro compositor, Rafael Gadeia. “Foi a visão dele enquanto uma pessoa que veio de fora, junto da minha, juntando assim as duas culturas”, conta.
Inspirações: Tom Zé, Russo Passapusso e Jards Macalé
Os curitibanos Talside e Juliano compõem a dupla que carrega o típico sertanejo acústico do Paraná na melancólica “Dói Demais”. Em sua estreia no festival, os músicos celebram os primeiros dois anos da parceria, e um recente lançamento de single autoral nas plataformas digitais de streaming. A composição descreve a loucura que é permitir o amor, apesar das dificuldades e dores que isso pode trazer.
A parceria que une calouros e veteranos do FUC, Crazy Sunshine, acalenta as almas transtornadas na composição inédita que haviam guardado para o Festival, a “Em Cada Palco Um Renascer”. A bateria ritmada cria um groovy que potencializa o timbre marcante da cantora, destacando-se em meio à sonoridade influenciada pelo rock. A canção ainda serve como uma homenagem ao próprio ato de ser um músico, que consegue encontrar paz e felicidade nos momentos mais difíceis da vida através das composições e momentos íntimos com as melodias.
O veterano do FUC e tricampeão na categoria de Melhor Intérprete, Eulimo, retorna aos palcos na nova tentativa de conquistar a plateia e o primeiro lugar do festival. A canção “Nas Esquinas” desabafa sobre as injustiças vividas pelo eu lírico que sonha com uma sociedade livre de sofrimento e preconceitos. Eulimo conta que a inspiração para a letra surgiu de suas amigas transsexuais e da forma como observava que elas tinham que se marginalizar pela falta de oportunidades de emprego e moradia. “Foi a forma mais forte que eu encontrei de trazer essa mensagem”. A performance contou uma simbologia, que é descrita pelo artista: “aquela capa que eu usava e tirei para mostrar as feridas que estavam por baixo simboliza o corpo morto de uma pessoa trans que não se identificava consigo mesma, e essa foi a forma mais visual que eu encontrei para mostrar isso”, diz.
Inspirações: PRISCILLA
Com apenas 18 anos, a cantora e compositora Duda Vaz dançava pelo palco com uma leveza que escancara a autoconfiança sobre suas capacidades vocais e performáticas. A harmonia de ideias musicais na parceria com Carlos Jesse Lourenço destaca a força da composição autoral, “Uma Linda Mulher”. Ela lembra que já tinha o interesse em criar uma música específica para o Festival desde o ano anterior, e aproveitou a oportunidade para dar destaque a temas que acha pertinentes de serem discutidos, como a feminilidade e a comparação entre o corpo das mulheres. “No dia ela veio e saiu de uma forma extremamente natural quando eu estava me sentindo mal pelo meu próprio corpo e minha aparência”. A estreante ainda afirma que a sensação de estar no palco é gostosa e se sente feliz em poder dividir o espaço com outros artistas.
Inspirações: Adele
Stanley é veterano de duas décadas da cena do hip hop da cidade, e tem grande influência neste movimento cultural e social que conscientiza a população por meio de letras políticas repletas de vivências pessoais. A impactante “Renascer”, interpretada em conjunto com os músicos da Banda Rugas, exalta a liberdade e apreço pela vida apesar das adversidades enfrentadas no cotidiano. O acadêmico de Letras da UEPG conta que a ideia para a música surgiu de forma natural, e que ele compõe a todo momento. “Eu já tinha o refrão, mas é algo inexplicável e sentimental, pois eu transcrevo o que surge na minha cabeça, às vezes até na hora”, finaliza ao dedicar a composição ao rap.
Inspirações: FBC
A campeã da edição passada, Lorinezz, retorna com mais uma forte composição e vocal inconfundível que marca sua presença na história do evento. O instrumental de “A Dor que Eu Carrego” acompanha a força confessional da letra que escancara o racismo estrutural enraizado na sociedade. Ela conta que a ideia da música surgiu logo após sua apresentação no FUC anterior. “Eu escrevi por conta de muitas vivências racistas que eu sofri desde o final do ano passado e queria que as pessoas ouvissem essas minhas dores”. Um vestido ensanguentado e algemas nos pulsos compuseram o figurino da apresentação da artista que disse ter vindo mais preparada para essa edição. “Claro que a gente fica nervosa, mas pela vivência dos outros anos e de saber como funciona acaba sendo mais tranquilo”, conclui.
Inspirações: Maria Bethânia
O veterano de festivais que carrega consigo 15 participações no FUC e que teve sua estreia na edição de 2003 no mesmo teatro, Cláudio Farias, retorna para cantar uma música consagrada de seu repertório. Na acústica “Rancho da Espera”, ele entrega uma canção com mais de 40 anos de história, que foi composta para sua esposa quando haviam se conhecido em meio às idas e vindas do amor. Apesar do clima melancólico da letra, ele descreve com orgulho ao lembrar dos encontros e desencontros que ele e a amada já enfrentaram juntos. Apesar das outras participações no evento, Cláudio defende que o sentimento e o nervosismo são os mesmos das outras vezes. “Se perder a emoção perde a essência, pois o que move o artista é essa adrenalina de estar no palco”, afirma.
Inspirações: João Bosco e Vander Lee
Silvana Innani se diverte em sua estreia no Festival repleta de carisma e samba que celebra os timbres brasileiros e se unem na construção da canção apresentada. A interpretação de Fabrício Cunha e o bom humor característico da cantora dão vida à autoral “Gargalhei, Gargalhei”, canção que enaltece o sentimento de encarar a vida com leveza e rir apesar das adversidades enfrentadas. A composição autoral foi inspirada nas histórias contadas para ela, quando era adolescente, pela avó, e foi resgatada para mesclar ao instrumental característico. “Toda história boa rende samba”, diz, e ainda demonstra um otimismo sobre a participação: “Eu estou aqui para me divertir, e acho que o mais importante é ter alegria e entrega, o resto a gente corre atrás”, conclui.
Inspirações: Alcione, Agepê, Clara Nunes
Após uma dedicação às diversas árvores que fizeram a felicidade em sua infância, Ugo e sua banda esbanjam personalidade em uma apresentação que mescla elementos de música acapella e jazz. A denúncia contundente de “Ar Condicionado” é clara à destruição do meio-ambiente, que escancara a mensagem através de vozes que imitam o som de cortes de árvore por serrote e uma criativa interpolação de “Que Som É Esse?” em referência ao descaso diário com a flora do país. Ugo conta que a ideia da composição surgiu de uma memória que teve das árvores frutíferas de sua antiga casa, que hoje foram derrubadas e se tornaram cinzas. “É uma brincadeira, mas ao mesmo tempo um alerta irônico para o pessoal se ligar a essas questões ambientais”, defende.
Inspirações: Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção e Jards Macalé.
Por fim, o curitibano Mauro Cury finalizou as apresentações da noite com a acústica “Amores Líquidos”. O vocal suave do cantor acompanhou a letra, que traz consigo recordações de um passado e reflexões trazidas por momentos de nostalgia. O clima agridoce da canção mescla uma composição que enaltece o saudosismo e as lembranças de um tempo longínquo que já não pode mais ser vivido.
Grupo convidado
As apresentações da noite foram encerradas pelo grupo convidado Viola Quebrada, que resgatou músicas presentes no imaginário do povo brasileiro. O estilo caipira acompanha as melodias com um carisma que conseguiu captar a atenção do público. O grupo, formado em 1997, lançou seu primeiro disco homônimo em 2000 e, desde então, manteve-se na ativa até os dias atuais, tendo inclusive recebido a indicação em 2017 para o Prêmio da Música Brasileira como Melhor Grupo Regional.
Premiação
Confira a seguir os grupos e artistas premiados no 37º Festival Universitário da Canção.
Júri Popular:
Chave de Mandril
Melhor Letra:
Stanley e Banda Rugas
Melhor Intérprete:
Eulimo
3º Lugar:
Cláudio Farias
2º Lugar:
Stanley e Banda Rugas
1º Lugar:
Eulimo
Com pluralidade e valorização de artistas locais, festival celebra a música e fortalece a cultura em Ponta Grossa
Por: Millena Zampieri e Erika Vibly
A trigésima sétima edição do Festival Universitário da Canção (FUC) acontece neste sábado (14/06) no Grande Auditório da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), às 19 horas. Como recepção do festival, às 17 horas será realizada uma exposição de fuscas acompanhada de apresentações de música popular brasileira, com clássicos de Adoniran Barbosa e Luiz Gonzaga. Nesta edição do festival, 12 cantores irão subir ao palco, seguindo uma tradição já consolidada. Das composições selecionadas, oito são de artistas de Ponta Grossa, duas vêm de Curitiba, uma de Foz do Iguaçu e outra de Telêmaco Borba.
O festival teve início em 1980 por iniciativa do Diretório Central de Estudantes da UEPG e, apesar do nome, não se restringia a universitários, mas era aberto para a comunidade participar. A motivação foi dar espaço para músicas e composições autorais e locais. Após seis anos, o Diretório Central deixou de organizar o FUC, até que no início da década de 1990, a universidade, a partir da Pró-Reitoria de Extensão, assumiu a organização do festival.
Segundo Nelson Silva Júnior, diretor de Assuntos Culturais da UEPG, a edição deste ano é de retomada, já que, assim como nos primeiros festivais, o FUC acontecerá no campus central da universidade. “Várias coisas marcam essa retomada do festival, porque entre as nossas atividades, vamos trazer uma música para a apresentação que ficou em segundo lugar no FUC de 1983, cantado pela dona Cecília, mãe da Lauriane Silva, que venceu no ano passado”.
Esse ano, toda a comunicação visual do festival está atrelada à produção do artesanato em palha, característica de Ponta Grossa. Para Júnior, a aproximação com o artesanato local na confecção dos troféus e da própria arte do evento é o diferencial desta edição, uma vez que a palha é um patrimônio salvaguardado da cidade, assim como o FUC
Todas as 36º edições do festival deixaram sua marca, cada uma com histórias e propósitos carregando elementos únicos. A primeira edição em 1980, em especial, foi fortemente impactada pela ditadura que ainda influenciava o cenário cultural. As músicas eram submetidas à censura, e muitas chegaram a ser proibidas de serem apresentadas no palco. O festival já recebeu grandes nomes como Oswaldo Montenegro, que participou de várias edições. A banda Viola Quebrada, que retorna neste ano, também já esteve presente. “Essas apresentações ajudam a construir a identidade do festival e reforçam a conexão com artistas da nossa história. A cada edição o festival busca inovar”, ressalta o diretor de Assuntos Culturais da UEPG.
Júnior ressalta a importância da participação do público no festival, que pode votar na categoria júri popular. “Será uma noite especial para a cultura musical de Ponta Grossa, para prestigiar as expressões artísticas da cidade”, finaliza.
Durante o mês de junho, o Coletivo Inajá promove a oficina “Cinema em Ação”, curso gratuito de introdução à criação audiovisual. As aulas acontecem no Centro de Convivência de Saúde Mental, no bairro Órfãs, e são abertas a todas as pessoas interessadas.
Serão quatro encontros nos dias 17, 18, 24 e 25 de junho, ministrados por Gabriel Chemin e Paloma Costa, co-fundadores do coletivo. Gabriel é bacharel em Cinema e Audiovisual pela UNESPAR e atua como diretor e roteirista de curtas-metragens. Paloma é roteirista e assistente de roteiro, especializada em Roteiro Cinematográfico de Ficção pela FASCS.
As inscrições estão disponíveis por meio de um formulário nas redes sociais do Coletivo Inajá (@inaja.coletivo).
Por Julia Busarello e Quiara Camargo
O Sesc Estação Saudade recebeu o show Descaravele de Siba Puri em 27 de maio. A artista trouxe no repertório músicas indígenas contemporâneas, construídas por ritmos brasileiros de matrizes afroindígenas inspiradas no pop rock, hip hop, reggae e trap para tratar de temas como feminismo, colonização, cultura e territórios indígenas.
Além de Siba Puri, a banda conta com o baixista Sereno e o guitarrista Nando Diniz. Mesmo sendo a primeira vez da artista no Paraná, o show esgotou os cinquenta e cinco ingressos disponíveis, uma surpresa para a banda.
Para Siba Puri, Descaravele é um álbum sobre se desconectar das ideias colonizadoras. Segundo a cantora, para se descaravelizar é necessário abandonar ideias e ações colonizadoras aprendidas. “Não existe uma receita, mas é importante olhar para si mesmo, pensar nas ações colonizadoras que a gente reproduz, ouvir os mais experientes”, aponta.
A cantora afirma que, como artista indigena e LGBT+, vê sua arte como uma ferramenta de luta. “Eu enxergo minha arte como uma arma em uma guerra. Vou usar aquilo que eu sei para mudar a consciência das pessoas. É uma guerra, mas é uma guerra justa, não aquela guerra que fizeram com os indígenas”. A próxima apresentação da banda ocorre no próximo sábado (07/06), no Rio de Janeiro.
Por Ingrid Muller
O Grupo de Teatro da Universidade Estadual de Ponta Grossa (GTU) marca seu retorno aos palcos em 2025 com uma montagem atualizada da obra “Aquele Que Diz Sim, Aquele Que Diz Não”. Após conquistar o público no Festival Nacional de Teatro (FENATA) em 2024, o espetáculo volta para uma breve temporada.
A montagem será apresentada de 5 a 8 de junho no Auditório do Campus Central da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), com entrada gratuita.
Com texto do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, a peça tem direção geral de Gabriel Vernek e direção musical de Raylan Marinho. A produção propõe uma experiência reflexiva e provocadora ao público ao abordar dilemas éticos, coletivos e individuais, por meio de uma narrativa dividida em duas versões complementares.
Na história, um jovem acompanha seu professor e colegas em uma arriscada travessia pelas montanhas, em busca de remédios para sua mãe doente. Durante o percurso, ele adoece e é confrontado com uma tradição local: aquele que não pode continuar deve ser deixado para trás para não comprometer a jornada. Na versão “Aquele Que Diz Sim”, o jovem aceita seu destino e se sacrifica. Já em “Aquele Que Diz Não”, ele se opõe à tradição, questionando normas e propondo uma nova forma de agir em grupo.
As apresentações acontecem nos dias 5, 6 e 7 de junho, às 20 horas, e no sábado (08), às 18 horas. A sessão de domingo contará com tradução em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), garantindo maior acessibilidade ao público.
Além da temporada no auditório da UEPG, a produção também planeja circular por outros espaços da cidade, no intuito de promover o acesso à arte e fomentar o debate sobre valores sociais e coletivos.
Por Emanuelle Pasqualotto e Marina Ranzani
A tradicional Festa das Nações é realizada todo ano pela Paróquia Santa Rita de Cássia e reúne a comunidade católica da cidade para celebrações, consumo gastronômico, música ao vivo e prêmios. O evento, realizado na Praça Hulda Roedel, na Ronda, teve início no sábado (17) e terminou no último domingo (25). No dia 22, dia da padroeira, a última missa do dia foi celebrada pelo bispo de Ponta Grossa, dom Bruno Elizeu Versari.
A festa contou com uma diversidade gastronômica de 12 países, com 17 barracas. A renda obtida será destinada à construção do Centro de Evangelização Santa Rita de Cássia, sede dos próximos eventos da paróquia a partir do próximo ano. Ângela Maria Vaz, vendedora, afirma que é gratificante trabalhar no evento. “Já faz 15 anos que participo da festa”, enfatiza.
Com a presença de fiéis durante todos os dias da festa, Adriana Antunes Nascimento conta como contribuir com a diocese ajuda na sua fé. “Mesmo frequentando outra paróquia, vir aqui todo ano e contribuir com a comunidade da Santa Rita é um grande prestígio”.
O evento acontece todos os anos, recebendo cerca de 50 mil pessoas por edição, contando com apresentações musicais católicas todas as noites.
Por Amanda Stafin e Fabrício Zvir
A 19ª Semana de Integração e Resistência, (Saintre), promovida pelo Centro Acadêmico João do Rio do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), reuniu estudantes, professores e profissionais da área em uma programação distribuída ao longo de três dias. O evento teve como tema central Interseccionalidade e resistência na carreira jornalística e combinou palestras, oficinas práticas, bate-papos e atividades culturais.
Amanda Los, presidente do centro acadêmico, destaca que a proposta da Semana de Integração e Resistência é aproximar os estudantes das múltiplas realidades do jornalismo além da universidade. “O objetivo é trazer uma perspectiva do jornalismo fora da vida acadêmica, com pessoas que atuam em diferentes áreas da profissão”.
A abertura aconteceu no Grande Auditório na manhã de segunda-feira (26), com a palestra de Marcela Godoy, docente da UEPG e líder de grupo de pesquisa em ensino de Ciências. O encontro tratou das violências veladas e da consciência de gênero no ambiente institucional. À tarde, o chargista independente James Robson França, conhecido como Sadco, compartilhou experiências da produção de charges fora do circuito tradicional. No mesmo dia, o produtor cultural Wilton Paz ministrou uma oficina de curadoria, voltada à formação prática em produção cultural. Também na segunda-feira, a oficina Fotografia na lata foi conduzida pela técnica do laboratório de fotos do Departamento de Jornalismo, Taís Ferreira.
A terça-feira contou com a palestra Vivência de uma âncora em telejornais, apresentada pela jornalista Cíntia Capri, e com a oficina Podcast do zero, conduzida pelos criadores do Pontagrossauros, Richard Eidam, Alex William e Dalcion França, que detalharam o processo de criação, estrutura técnica e estratégias de profissionalização do projeto. Encerrando a programação do dia, o radialista Cândido Neto, referência no jornalismo esportivo local, conduziu um bate-papo sobre sua trajetória e os desafios da profissão.
João Pedro Souza, calouro do curso, participou da semana pela primeira vez e avaliou a experiência. “Pude participar da oficina do Pontagrossauros. Foi um momento muito descontraído porque o podcast se destaca dos demais por ter uma linguagem informal e bem ponta-grossense”. João também mencionou o bate-papo com o radialista Cândido Neto como um ponto alto da programação. “Tive a oportunidade de conversar com ele. Para mim, que pretendo seguir na área esportiva, foi um aprendizado muito grande”, relata o estudante.
Na quarta-feira (28), as atividades começaram com um café comunitário, seguido por uma simulação de coletiva de imprensa em formato de LARP (Live Action Role Play), conduzida pelo professor Ben-Hur Demeneck. Na atividade, os participantes assumiram papéis diversos ligados a uma situação de crise, exercitando habilidades práticas de comunicação. O último dia também contou com a mesa O mercado de trabalho e a estigmatização de jornalistas, com os convidados Elaine Barcellos, Erica Fernanda, Nilson de Paula e Vinicius Biazotti, além da palestra Onde mora o olhar: encontro entre o íntimo e o jornalístico, conduzida por Melvin Quaresma.
Para a estudante Maria Gallinea, as oficinas foram um dos pontos altos do evento. “Participei de três oficinas: charges, foto na lata e LARP. Na oficina de charges, foi muito divertido conversar com um chargista local e aprender com sua experiência. Como sou responsável pelas charges no Foca Livre, foi enriquecedor trocar ideias com alguém que também atua nessa área, ainda que de forma mais profissional do que eu”, relatou.
A programação foi complementada pelas sessões do Cine Cajor, que exibiu os documentários Todas as guerras que eu vi (26), Sobre vivências travestis (27) e o longa Ainda estou aqui (28).
Segundo a presidente do centro acadêmico , o evento foi preparado ao longo de dois meses e busca ampliar o olhar dos alunos sobre o mercado de trabalho. “É fundamental entender como diferentes minorias sociais, das quais muitos estudantes fazem parte, se inserem na profissão. Ter essa visão além do ambiente universitário é essencial na formação de qualquer jornalista”, conclui.
João destaca ainda o valor das atividades da Saintre para a formação. “Acredito que ela possa aproximar nós estudantes a ter mais contato com aspectos que não estamos acostumados no cotidiano. Ter uma mente aberta nos dias atuais significa muita coisa. Mas também serve de descontração e diversão, aprendendo de forma mais prática e rápida sobre as perspectivas sobre nossa profissão”, destaca.
Com propostas teóricas e práticas, a 19ª Semana de Integração e Resistência reforçou a importância de uma formação jornalística crítica, colaborativa e conectada com os desafios sociais contemporâneos. Ao integrar experiências profissionais, oficinas dinâmicas e debates, o evento reafirma seu papel como um espaço de encontro, experimentação e transformação dentro da universidade.
Por Amanda Stafin
Os selecionados participarão de uma formação intensiva conduzida por uma equipe pedagógica especializada, com imersões práticas, mentorias, treinamentos em mediação cultural e aprofundamento teórico em história e crítica das artes. A experiência é considerada um diferencial na formação profissional dos participantes.
As atividades acontecerão em encontros semanais ou quinzenais, com turmas divididas por faixa etária: “Crianças no Teatro”, “Cinema na Praça – Clássicos” (para adultos) e “Caminhos da Arte” (para idosos). Cada cidade contará coEstão abertas as inscrições para o processo seletivo do projeto Plateia Pensante, a Escola de Espectadores do Paraná, iniciativa pioneira no Brasil voltada à formação de públicos nas áreas de teatro, dança e cinema. O projeto oferece vagas remuneradas para mediadores culturais e auxiliares de mediação, com atuação prevista entre os meses de agosto e dezembro de 2025 nas cidades de Ponta Grossa, Guarapuava, Francisco Beltrão e Cascavel.
Voltado a crianças (6 a 12 anos), jovens, adultos e idosos (acima de 60 anos), o projeto visa aproximar diferentes faixas etárias das artes cênicas e audiovisuais, estimulando a escuta sensível, o pensamento crítico e a formação de uma audiência ativa e reflexiva. Inspirada na Escola de Espectadores de Buenos Aires, a proposta articula ações educativas e culturais com uma metodologia inovadora e libertária, alinhada aos planos nacional e estadual de cultura.
m três turmas de até 40 pessoas.As inscrições estão abertas até 31 de maio de 2025, às 23h59, por meio do site oficial do projeto. O edital completo pode ser acessado diretamente pelo link. Mais informações com: contato@plateiapensante.com.br.
Por Amanda Stafin
Por 75 anos, o Foto Carlos foi um local de serviços fotográficos e das memórias de milhares de famílias ponta-grossenses. Batizados, casamentos, formaturas, retratos de família: momentos marcantes que ganharam forma e permanência por meio das lentes de profissionais que passaram pela trajetória da empresa. Agora, a tradicional loja de fotografia, fundada em 1950 por Carlos Jendreieck, encerra oficialmente as atividades no dia 30 de maio de 2025.
Mais do que um comércio, o Foto Carlos foi um ponto de encontro entre gerações, preservando memórias com cuidado artesanal. Foi também o primeiro estúdio da região dos Campos Gerais a imprimir fotos coloridas, um marco para a fotografia local.
As vivências da trajetória estão gravadas na memória de Roberto Jendreieck, filho do fundador. Ele começou a trabalhar no negócio com apenas 18 anos e, aos 21, já administrava a empresa. Hoje, aos 70, despede-se da loja que foi seu lar por mais de cinco décadas. “A gente, depois de tantos anos, acaba se apegando. É muito difícil deixar tudo o que construímos ao longo de 75 anos. Cada funcionário agora vai ter que buscar seu caminho em outro lugar”, comenta Roberto.
O encerramento, segundo ele, acontece por dois motivos principais: o desejo de se aposentar e a falta de herdeiros dispostos a dar continuidade ao negócio. “Somos quatro sócios e nenhum dos filhos quis seguir. Então decidimos encerrar com dignidade”, explica.
Em 1950, Carlos Jendreieck chegou a Ponta Grossa com o sonho de abrir um estúdio fotográfico. A cidade ainda era pequena, mas logo o Foto Carlos se tornou referência em serviços fotográficos, acompanhando o crescimento urbano e o desenvolvimento tecnológico. “Na época, a gente fazia revelações com chapas de vidro. Depois vieram câmeras, máquinas de vídeo. A fotografia passou por várias transformações”, relembra Roberto.
A loja sobreviveu às transições do analógico ao digital. Roberto conta que a equipe teve várias dificuldades, com concorrentes, planos de governo e a pandemia de Covid-19, mas que mesmo assim, constantes avanços como a mudança do sistema convencional para o digital, onde reaprender tudo. “Hoje as pessoas tiram fotos com o celular e não revelam mais. Estão perdendo momentos por não imprimir. Mas mesmo com baixa na procura, conseguimos manter a empresa em pé até o momento atual”, afirma.
A importância cultural do Foto Carlos ultrapassa o âmbito comercial; é parte da formação da memória coletiva de Ponta Grossa “A fotografia impressa tem muito valor. Guardar esses registros por anos ajuda a preservar as lembranças, mesmo que fiquem esquecidos no fundo da gaveta”, diz Roberto.
Vozes da história
Funcionária do Foto Carlos por 17 anos, Tais Maria Cruz guarda com carinho as lembranças de uma trajetória que lhe deu uma profissão. “Entrei em 1976 para um trabalho temporário, sem saber absolutamente nada de fotografia. Saí como gerente”, relembra.
Tais lembra que em um ambiente predominantemente masculino, chegou a liderar uma equipe com 22 homens, uma responsabilidade que, segundo ela, foi marcada pelo respeito mútuo. “O que ficou foram os bons momentos. Éramos muito unidos”. Ela faz questão de agradecer a Carlos, proprietário da loja, pela oportunidade. “Ele me disse que me ensinaria, e realmente me ensinou tudo o que eu precisava saber.” Para Tais, o valor da fotografia impressa permanece vivo: “Ela te permite tocar as lembranças. Ter a imagem nas mãos é reviver pessoas, momentos que já se foram”.
Hoje, observa com certo pesar o distanciamento das novas gerações da fotografia impressa. “Estamos perdendo a oportunidade de manter viva essa forma de memória.” E para quem deseja começar na profissão, ela deixa um conselho: “O mais importante é gostar de fotografar. Se você direciona o foco, adicionando habilidade e conhecimento, o equipamento se torna secundário”.
Roberto aconselha que quem está iniciando na fotografia tenha cautela nos investimentos, poupando sempre que possível para reinvestir no próprio trabalho. Ele destaca a importância de acompanhar as mudanças do mercado e estar atento às preferências dos clientes, que variam conforme as tendências de cada época.
Com o fim das atividades, os arquivos se encerram, mas as imagens permanecem. O Foto Carlos sai de cena, mas deixa um legado de cuidado, técnica e afeto. E, talvez o mais importante: ensinou Ponta Grossa a valorizar a memória, não apenas como lembrança, mas como documento vivo de sua história.
Por Ingrid Muller, Lucas Jolondek e Yasmin Aguilera
Na noite de quarta-feira (14), a Mansão Vila Hilda recebeu o concerto do Trio de Madeiras do Conservatório Maestro Paulino. Aberto ao público e com entrada gratuita, o evento apresentou um repertório que uniu obras da tradição europeia com composições brasileiras.
O trio é formado por Fabrício Ribeiro (flauta), Jacson Vieira (clarinete) e Amauri Jr. (fagote). O grupo tem como foco a música de câmara e interpreta peças originais, transcrições e arranjos voltados à formação com instrumentos de sopro da família das madeiras.
Professor do Conservatório e com 14 anos de experiência como clarinetista, Jacson Vieira destaca o papel do grupo na promoção cultural da cidade. “A importância de trazer esses eventos para Ponta Grossa é apresentar instrumentos que geralmente só se ouvem em orquestras. Queríamos trazer algo diferente para ampliar a cultura”, explica.
Segundo Vieira, o grupo também busca atingir novos públicos, principalmente jovens e crianças. “Existem crianças que nunca tiveram contato com apresentações assim, a não ser em igrejas. Isso pode ser um estímulo, elas olham e percebem como é bonito. Por isso escolhemos um repertório diferente, não só o que a TV mostra”, diz.
O concerto, além de proporcionar uma noite de imersão musical, também foi um exercício de formação cultural para o público. Durante a apresentação, um dos professores do Conservatório Maestro Paulino, Ezequiel Ramos, destacou a importância da escuta ativa em tempos de excessiva exposição às telas: “Nós não temos mais um corpo acostumado à escuta. Este momento exige esforço e atenção. A escuta precisa pensar, porque os músicos pensam com os ouvidos”, observa.
A reflexão chamou a atenção dos presentes para o papel da plateia na construção de uma experiência artística completa. A disciplina, o silêncio respeitoso durante a execução e os aplausos no momento correto foram elogiados. “Enquanto o músico não descansa, a música não acabou. E hoje o público entendeu isso”, revela o professor, ao final da apresentação.
O concerto foi encerrado com a tradicional “selfie do palco”, momento de descontração e celebração, reunindo músicos, professores e familiares. A iniciativa, que faz parte do calendário do Conservatório Maestro Paulino, reforça o compromisso da instituição em democratizar o acesso à música de concerto em Ponta Grossa.