A portaria de uma loja de colchões
Serve à meus conterrâneos comichões
A cama para as acamadas solidões
Daqueles com falsas gamas de emoções
Camas de concreto para as almas vizinhas
De vivências eu conheço apenas as minhas
Daquelas às quais passei noites sozinha
Em meio às minhas inúmeras companhias
Acordei literalmente largada às traças
Enquanto vossos vinhos servem-se em taças
Os que eram abrigo perderam vossas graças
Minha mente rompeu fronteiras, e dos corpos, comeu as massas
A vizinha devolve as bolas do passe falho
Quem cai aos meus pés é o orvalho
Da mesma árvore, amei seus galhos
Hoje, para quem trabalho?