Covarde, eu?
Sempre serei covarde por você
A audácia que me persegue
É o que também te fez correr
Acorrentar à correnteza
Para que ela nos leve eternamente
Nas marés e nas represas
Afundo constantemente
No fundo do mar
Cavo um buraco
No fundo da alma
O fim é mais fundo
E afinal, o que é que tem?
Coçar a cabeça em sinal
De “nossa, ora, quem?”
Eu…
Eu, e alguém
Que vaga por aí
Enquanto não paramos
Estamos a nos divertir
E se por um acaso
Isso for um for um ultraje
Que a covardia seja milagre
E que a audácia seja meu traje.