Por Cultura Plural
Por Naiomi Mainardes e Victor Schinato
No dia 1 de setembro, MUM e Gueg PR se apresentaram no palco do Sexta às Seis, no Parque Ambiental. O festival, que atualmente serve como prenúncio para a comemoração dos 200 anos de Ponta Grossa, preencheu o gramado em frente ao letreiro característico do parque público.
A programação, já rotineira no cotidiano da cidade, se reinventou no choque entre o indie e o rap. No público, era possível notar dois estilos musicais completamente diferentes, e mesmo assim ambos comoveram a plateia. Apesar do contraste de gêneros, os musicistas levaram ao público a mesma mensagem de luta e amor, mesmo que com linguagens diferentes.
Em sua terceira apresentação, e segunda consecutiva, MUM é mais uma vez a única mulher classificada no edital, e por consequência a única musicista em posição de destaque no festival. De maneira irônica, todas as suas músicas evocam a vivência feminina e soam como um desafio ao resultado majoritariamente masculino das classificações.
Em contrapartida à seleção de bandas do festival, MUM utilizou o espaço para dar destaque a outras mulheres que trabalham na cena cultural de Ponta Grossa como forma de valorizá-las. Larissa Brandão e Larissa Camillo são dançarinas que performaram durante o show e, juntamente com a vocalista, fazem referência às três faces da mulher e a deusa tríplice.
“Seria muito interessante se houvesse vagas reservadas para mulheres, para pessoas pretas”, afirma a cantora sobre a falta de representatividade no Sexta às Seis. “A gente vê que existem muitas coisas bacanas acontecendo na cidade, mas o pessoal não tem acesso”, observa. MUM afirma que o sistema de editais de cultura conta com as mesmas pessoas há muito tempo, com a questão burocrática sendo um dificultador para que novas pessoas adentrem este meio. A artista ainda relata que o processo do edital se tornou mais difícil, com a adição de outras etapas burocráticas.