Inferno ideal
O brilho do asfalto consumido pela sombra da nuvem, o sol está alto e intenso
Vi algo caindo aos meus pés e logo após sumir, talvez tenha sido em mim, a ficha, inocente
Sinto dentro do peito a mágoa ruir, mais alta que sua tentativa falha de silêncio
Se não me falha a memória, muito recente, acreditei em desculpas quase que irreverente
Disseram que agosto é meu inferno astral pelos sinais
Mas que inferno ideal para eu superar meus ideais
Das doces palavras vindas do dono dos cachos
Me chamando pelo nome, “continue fazendo o que você faz”
Se fazer o que faço é escrever sobre dores e beijos
Então que eles sejam como o seu e que eu prossiga em paz
Mas se, para ser bom poeta tenho que escrever somente o que me faz sofrer
Então que eu seja o mais convencional que eu tenho a possibilidade de ser
Seja fazendo o certo depois de tudo dar errado
Ou o fazer mesmo do jeito errado, as coisas darem certo
Volta para mim tudo aquilo com que tenho sonhado
E aprendo finalmente a me recusar a aceitar o incerto
Dorme em paz ao meu lado aquele que se sente em segurança em comigo estar
Me tem em mãos aquele que elogia a minha alma antes de me beijar
Eu sou mais do que aquilo que eu sinto
Me defino mais sobre o que faço a respeito
Se ninguém perceber, eu prometo que minto
Porém, não ser de verdade não pode ser feito.