Lua do anoitecer
O que eu sinto está para além deste campo
Não se encontram limites, entretanto
Duvidar da realidade do fato é um ledo engano
Existe tão mais do que aquilo que venho negando
O confuso é ainda mais real do que o que é certeiro
Questionar-se é, afinal, descobrir ser verdadeiro
Queria eu, ser constante ao mundo inteiro
Porém, é no efêmero do meu ser, que encontro o que anseio
Ao negar-me o que quero, por medo do sofrimento
Nego também a experiência de viver o momento
Por uma falsa preservação, assassino meu alento
E assim, o que sou, torna-se meu lamento
Julgar a mim mesma, me põe indisposta
Minha personalidade, ao invés de enaltecida, se prostra
Por mais que eu procure eternamente pela resposta
É ao olhar para dentro, que ela se mostra
Jamais encontrarei-me em você
Enquanto, eu simplesmente não te conhecer
Em nome daquela meia lua do anoitecer
Me faço o básico do amor, ao me reconhecer
Do café, o meu açúcar; do mar, meu sal
Sentir me menos ou mais, não é irreal
Não há explicações sobre o que é ideal
Da história, eu sou eu desde o começo até o final.