Observado
Fugir do dia, porque há muita exposição na luz solar
A cada janela da cidade ao meu redor, o vento vem me julgar
E quando na natureza, sinto o olhar fixo do que não está lá
À noite há tantas estrelas, e o observador brilho do luar
Ao atravessar a rua, conto os carros ao passar
Mais de doze par de olhos para me pôr a preocupar
Um passo em falso, controlo até meu respirar
Não existe passar despercebido, só sei deixar olhar
Desvio o olhar, controlo reações, ser real? Não ouse
Ninguém vai ligar, mas eu vou sonhar hoje à noite
Se eu usar o termo errado ou na calçada tropeçar
E se rirem? O que vão pensar? Fujo ao me envergonhar
À essa altura, dentro da minha mente não se encontra o racional
Pensar é somente no barulho que faz o solado e a tic tic do metal
Apavorada, a preocupação me levou da negação à rejeição
E o medo de tudo dar errado, fez o certo sequer ser uma opção
Eu sei de onde vem a vergonha, mas e o medo de errar?
Aqui tem tanta insegurança do andar até o falar…
A cobrança está dentro de mim, e onde mais?
Será que eu sou mesmo responsável por pensar demais?
Ouvindo em meio ao sangue do infanto, o timbre do opressor
Sabor agridoce na sensação de ser objeto de expectador
Nos limites de gostar de exibir o protagonismo
Até bater na borda do ser julgado pelo excesso de altruísmo
E meu Deus, seria tão ruim assim deixar observar?
Truman só confirmou o pavor que eu tinha a zelar
Meu maior é erro é ter medo que o erro passe a me definir
Anseio por quando a ânsia não seja fator do meu existir.