Agosto
Quantas vezes me viu chorar desse jeito?
Quantas lágrimas acha que eu derrubei no meu travesseiro?
Quantos sons agonizantes ouviu como augueiros?
Quantos possíveis arrependimentos nos beijos?
Sabe quanto tempo levou para que o vento
Me trouxesse tamanho alento
Que nem pudesse segurar olhos à dentro
Claro que não sabes, porque é desatento
Não sabe olhar dentro da minha humilde alma
Não sabe o tipo de abraço com carinho que me acalma
Não sabe que dizer verdades ainda doem no centro da palma
Quando eu acho que sei segurar, desalma
Desaba, choro, do jeito que a arte mais feia retrata
Acostumei a segurar tudo dentro de mim
Por meses, anos, tanto tempo fui assim
Mas eu quando eu quis, quem é que estava aqui?
Me perguntei quem eu sou?
Me perguntei sinceramente aonde estou?
Me respondi com amargura não sei
O que é que estou fazendo aqui, meu bem?
Se quando eu choro alto ninguém me escuta
Fazem ecos quando grito dentro da gruta
Como sabe que reação eu teria
Quem permitiu que eu fosse só alegria?
Eu não sou, mais seu do que meu
Eu sequer sou meu para que possa ser seu
Duvido muito sobre qual meu lugar
Mas sei onde eu não deveria, de fato, estar
Desculpas, não me reconheço
Acho que essa é a prova que tudo tem um preço
Seja a coisa mais barata do mercado
Eu te prometo, que eu pago
Relento, me acalento de tudo que sou
Decidir que por embora eu vou
Não foi de ontem para hoje como sopro
Mas se me permitir, volto em agosto.