Por Iolanda Lima
Dirigido por Chris Williams, o longa animado A Fera do Mar é um épico colorido e emocionante, tocando em temas atuais para 2023. Conta a história de Jacob, um caçador de monstros, e uma menina órfã, Maisie, que descontente com sua vida no orfanato se infiltra no navio do caçador, o Inevitável. O filme se desenrola trabalhando o desenvolvimento de laços de amizade e companheirismo entre os dois, que são obrigados a se ajudarem depois de um ataque, e a relação de medo e aversão às grandes feras marinhas.
As histórias das criaturas são contadas de geração para geração e alimentadas pelo governo monárquico, que instiga as perseguições na justificativa que, se não os matassem, eles que iriam morrer. A mais temida das feras é Vermelha, um grande animal que nunca foi abatido e sempre vencia os humanos. Contudo, ao passar da obra, a história vai se desenvolvendo, a grande fera acaba salvando Maisie e, aos poucos, a menina vai entendendo que os monstros não eram os grandes vilões. A relação de Maisie e Jacob é colocada à prova quando ele tem que acreditar na criança sobre os seres marinhos, deixando a crença de uma vida toda de lado para ajudá-la.
Porém, o enredo lembra Como Treinar seu Dragão misturado a épicos do tempo das navegações. Não há nada de novo exatamente na história: um adulto tendo que cuidar de uma criança órfã, monstros versus humanos e a aversão ao desconhecido, mas trabalha de forma nova e concisa a defesa dos animais – já que na animação citada antes os dragões são domesticados. No entanto, o que mais diferencia A Fera do Mar é a forma sensível pela qual as relações são apresentadas, que se convergem constantemente, guiando para o desenvolvimento de cada personagem. Atinge ao público infantil e adulto de forma simples sobre as questões animais de atualidade.
Vermelho versus azul
A animação chama atenção pela qualidade do traço e dos detalhes, imergindo o espectador em um ambiente marítimo colorido e saturado, que não enjoa. Em certos frames é possível ver uma inspiração em Piratas do Caribe, principalmente nas cenas passadas em barcos. As cores saturadas foram bem escolhidas, trazendo um contraste do vermelho escaldante do monstro com o azul do mar que, considerando a teoria das cores, até engana quem assiste, imaginando que a Vermelha seria realmente a vilã. As formas foram bem colocadas, representando a personalidade de cada humano; antes da fala é possível ver que a Maisie seria mais ligada ao universo da emoção, já Jacob à razão.