Por Iolanda Lima e Joyce Clara
Por Iolanda Lima e Joyce Clara
Nascida em 15 de setembro de 1965 no Rio de Janeiro, a atriz Fernanda Pinheiro Torres se tornou nacionalmente amada após lembrar para o mundo que o Brasil faz cinema de qualidade. A atriz foi a primeira brasileira a ganhar o Globo de Ouro como melhor atriz por Ainda Estou Aqui e está na corrida pela conquista do Oscar, na mesma categoria em que sua mãe, a renomada Fernanda Montenegro, esteve há 26 anos.
A possibilidade do Brasil ser vencedor nessa categoria – e de estar concorrendo como melhor filme e melhor filme internacional – despertou nos brasileiros um sentimento de patriotismo genuíno e uma adoração pela Fernanda Torres.
Porém, muito antes de interpretar Eunice Paiva na adaptação cinematográfica do livro Ainda Estou Aqui de Marcelo Rubens Paiva, a atriz consolidou uma carreira no teatro e no audiovisual.
Os primeiros passos em direção aos palcos
Aos 13 anos, Torres entrou na escola de formação Tablado e, um ano depois, estreou na Rede Globo, na série Aplauso. Sua primeira participação em novela foi no ano seguinte, aos 15 anos, em Baila Comigo, de Manoel Carlos. Já a sua primeira aparição nos cinemas foi em Inocência, de 1983. Hoje em dia, ela possui uma filmografia com 33 obras, inclusive Terra Estrangeira de 1996, primeira colaboração de Torres com Walter Salles Jr, o mesmo diretor de Ainda Estou Aqui.
Carisma em Copacabana
A atriz se destaca também na participação de séries de comédia, como Os Normais (2001 – 2003), Comédia da Vida Privada (1995) e a icônica Tapas e Beijos (2011 – 2015) que alavancou a carreira de Fernanda. Sueli e Fátima consolidaram o modelo de sitcom no Brasil; com um humor ácido e feminino a série se destaca pelos personagens marcantes, como Armane (Vladimir Brichta) e Seu Chalita (Flávio Migliaccio). A série se tornou o trabalho principal de Fernanda, digno de menção no Globo de Ouro de 2025.
Outra obra que também chama atenção no currículo da atriz é Saneamento Básico, o filme (2007). O filme se passa na Serra Gaúcha e conta a história de um grupo de moradores que se envolvem em uma produção de filme amador para reivindicar melhorias na vila. Fernanda se destaca na produção, ao lado de Wagner Moura e Lázaro Ramos, os atores contracenam em cenas divertidas e reais. O filme de Jorge Furtado se consolida por mostrar a importância do investimento da cultura dentro da economia de um povo.
Além de atriz, Fernanda também é escritora, já produziu para jornais e revistas como cronista e produziu roteiros de seriados, como o romance Fim (2013). Traduzido para sete países, o livro se tornou uma minissérie da Globoplay. Sete Anos (2014) e A Glória e Seu Cortejo de Horrores (2017) são outros livros da atriz.
Do Rio de Janeiro para o mundo – a campanha de divulgação de Ainda Estou Aqui
A agenda de divulgação do longa mostrou ao mundo o lado pessoal de Fernanda Torres, que vem conquistando o público com sua simpatia e compostura. A elegância da atriz se estende dos tapetes vermelhos às entrevistas.
No início da campanha, a atriz assumiu uma posição em relação às roupas que usaria durante esse período. Para ela, a forma como se apresentaria nos eventos deveria dialogar com a narrativa do filme. Dessa forma, optou por utilizar tons neutros e sóbrios, para utilizar o momento como divulgação não só do filme, mas de toda história por trás dele e da personagem, se comportando no tapete vermelho de forma a honrar a memória de Eunice e bem representar, com toda seriedade necessária, o trabalho de Walter Salles e companheiros de produção.
Já nas entrevistas, Torres sempre se mostrou cativante e bem-humorada, mas ao mesmo tempo bem posicionada. Em entrevistas como no programa do apresentador Jimmy Kimmel, a atriz mostrou que consegue ser carismática mesmo em outra língua, mas ao mesmo tempo utilizou das oportunidades que teve, no Brasil e fora dele, para reforçar a mensagem do filme e sua importância histórica.
Além disso, durante a campanha houve um momento de rivalidade entre Fernanda Torres e a concorrente Karla Sofía Gascón ( Emilia Pérez) criado pela internet. Prontamente, a atriz foi às redes socais e pediu para que os fãs respeitassem ela e as demais concorrentes, reforçando o talento de cada uma e pedindo para que mensagens de ódio não fossem enviadas a ninguém.
Tal mãe, tal filha
A indicação de Fernanda Torres é ainda mais simbólica quando se leva em conta histórias de sangue. Os brasileiros enxergam em Torres a chance de trazer para o Brasil a estatueta de Melhor Atriz que, para muitas pessoas do país, já deveria ter vindo em 1999 por Fernanda Montenegro.
A mãe da atriz, inclusive, atua ao lado da filha em Ainda Estou Aqui, interpretando a versão mais velha, e já acometida pela Doença de Alzheimer, de Eunice Paiva. O tempo de tela de Montenegro é pequeno, mas a carga emocional expressa na atuação é avassaladora.
A conquista do Globo de Ouro de Fernanda Torres já ficou marcada na história do Brasil, assim como a indicação ao Oscar. Fernanda já tem um espaço ao lado da mãe no legado do cinema nacional.