No último domingo (04), ocorreu a 5ª edição da Parada LGBTQIA+ dos Campos Gerais. Com participação de ativistas, cantores e drag queens locais, o evento movimentou o que poderia ser mais uma tarde pacata em Ponta Grossa.
A concentração começou na Praça Barão de Guaraúna, às 12 horas. Acompanhada de um caminhão, a comunidade presente gritou por aceitação e orgulho na Avenida Vicente Machado (renomeada carinhosamente pelos organizadores de Avenida Corina Portugal) até a Feira do Produtor, onde a concentração se manteve até às 20 horas.
Aberta para todos os públicos, a Parada tinha participantes jovens, idosos e até mesmo crianças; uma delas era o filho da sexóloga Gabriela Cruz. Segundo a mãe, ele é inserido em espaços como esse para que “cresça entendendo o que é diversidade”. Além de Gabriela e o filho, diversas outras mães eram vistas entre o público, seja com bebês ainda no colo, seja acompanhando os filhos, que estavam presentes na organização.
Gabriela e seu filho a caminho da concentração na Feira do Produtor | Foto: Gabriel Aparecido
Prometendo inovações, a Parada de 2022 coroou sua primeira Embaixadora, a estudante de Direito Ericka Vasconcellos. Em seu discurso de aceitação, a recém coroada disse: “se eu tivesse escutado tudo o que falam pra mim, eu não estaria aqui hoje representando Ponta Grossa e os Campos Gerais”, ao relembrar da sua história de luta e resistência. Vasconcellos recebeu a faixa da Rainha da Parada de Curitiba, Yasmin Carraroh, que envolveu o público com sua apresentação e presença.
A Embaixadora relatou que estava extremamente emocionada com a honra de seu título e disse que eventos como a Parada, atualmente, têm mais efeito para mudar a cabeça de uma população conservadora do que poderiam ter em outros tempos. Em suas palavras, os pontagrossenses irão “ver que a gente existe, que a gente tá ali e que a única coisa que a gente quer é repeito”.
Ericka Vasconcellos foi ovacionada pelo público após ser coroada a Primeira Embaixadora da Parada dos Campos Gerais | Foto: Gabriel Aparecido
Na plateia estavam ainda Ana Luiza Martins, que cursa Psicopedagogia, e José Lucas Abrantes, estudante de Ciências Biológicas. Ambos compartilham histórias parecidas. Martins admitiu ter sido homofóbica por parte de sua vida e por conta de ações como a Parada mudou seu pensamento, descobrindo-se bissexual. Abrantes cresceu na igreja, por muito tempo negou sua sexualidade, chegando até mesmo a namorar com meninas; porém, em sua primeira participação em um evento voltado à comunidade, ele admite estar mais feliz sendo abertamente gay e tendo a oportunidade de ser quem ele é sem medo.
O objetivo principal da Parada em seu retorno presencial era mostrar que, após anos de luta, a população queer de Ponta Grossa e dos Campos Gerais pode se expressar e garantir seus direitos. Como diz a coordenadora regional da Aliança LGBTI, Thaís Boamorte, “devemos nos agarrar nas nossas conquistas” e a possibilidade de realizar um evento como esse é uma delas.