A 50º edição do Fenata, que ocorreu entre os dias 8 e 13 de novembro, trouxe uma programação diversificada e rica em pluralidade cultural. Fora dos palcos dos grandes teatros, muitos espetáculos foram encontrados em lugares de convivência pública de forma gratuita.
A peça que abriu a Mostra de Teatro de Rua do Festival, intitulada de “Caravana dos Pássaros Errantes”, teve como palco a Praça Barão do Rio Branco e contava a história de um grupo de ciganos comerciantes, que durante uma viagem pelo Piauí, em 1913, foram perseguidos por policiais. O teatro teve inspiração com a história da família de Ana Cristina Freitas, atriz principal e idealizadora do roteiro, que contou que o espetáculo “preza pela liberdade” ao demonstrar as dificuldades e os preconceitos vividos pelo povo cigano. Terminando com um impactante significado sobre a liberdade, o público presente no local foi às lágrimas.
Com temática semelhante, o espetáculo “O Ovo da Cuca”, do grupo Desembargadores do Furgão, trouxe para o público presente na Estação Saudade curiosidade e reflexões sobre seus próprios conceitos de liberdade. Para a atriz e roteirista Ana Pessoa, o mais importante não era que as pessoas entendessem a peça, mas sim que a interpretassem do seu modo.
Espetáculo “O Ovo da Cuca” despertou a curiosidade no público presente | Foto: Gabriel Aparecido
Entretanto, esse mesmo conceito de “própria interpretação” gerou polêmica com a peça “Hi, Brasil!”, interpretada pelo Grupo Olho Rasteiro no Lago de Olarias. Em dado momento do espetáculo os atores usam roupas da cor de sua pele e tapas-sexo, que remetem à nudez. Para certo grupo conservador, os artistas estavam se manifestando de forma indecente para o local da apresentação. Uma internauta comentou que a apresentação era uma “total falta de respeito com as famílias”, apesar da classificação indicativa estar caracterizada como livre.
Outras duas apresentações ocorreram na Mostra, sendo elas: “Números”, que aconteceu no Calçadão da Rua Coronel Cláudio, e “Caminhos”, que estava programada para a praça Marechal Floriano Peixoto, mas por conta dos movimentos antidemocráticos no local a encenação teve que ser remanejada para a Biblioteca Pública Municipal. Apesar de não terem obtido grande destaque na premiação final, os teatros de rua da 50ª edição do Fenata provaram que merecem seu lugar no Festival, ao levar o público da alegria à tristeza sem a necessidade de um grande palco de madeira.