Por Cultura Plural
Por Maria Vitória Carollo
Na última sexta-feira (04) o Museu Campos Gerais (MCG) inaugurou a exposição Povos do Paraná: Mundo Caiçara. Os caiçaras vivem no litoral de estados como Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro e descendem da miscigenação entre indígenas, portugueses e africanos. Sua cultura é caracterizada pela complexidade simbólica e relacionada com o extrativismo vegetal e práticas de caça e pesca.
O diretor geral do MCG, professor Niltonci Batista Chaves, informou na noite de abertura que a exposição começou a ser pensada há dois anos, durante o período pandêmico. Idealizada por ele e pelos pesquisadores e músicos Carlos Ramos e Oswaldo Rios, “Mundo Caiçara” surgiu a partir da discussão sobre a importância de trazer para Ponta Grossa uma exposição que retratasse essa cultura.
“Nós esperamos que essa seja a primeira de uma série de exposições que trazem um pouco da história do estado, quebrando a visão hegemônica do Paraná exclusivamente branco e europeu, isso para nós é muito importante”. Niltonci também observa que a equipe do Museu se preocupa com a valorização da diversidade, a pluralidade e o respeito às diferenças e que a exposição é uma forma de fazer isso.
Após a fala das autoridades, os curadores da exposição Carlos Ramos e Oswaldo Rios, tocando uma viola e uma rabeca que compõem a exposição, performaram a música “Cuitelinho”, de autoria de Renato Teixeira e Sérgio Reis. Em seguida, falaram sobre os itens da exposição, sua importância enquanto objetos culturais e as histórias e memórias relacionadas a eles.
Outros instrumentos musicais tradicionais da cultura, como tambores e tamancos, que são considerados instrumentos por serem utilizados para complementar a melodia da viola, fazem parte da exposição. Carlos Ramos explica a prática: “O baile de fandango vai revezando, tem uma música valsada, quando os pares dançam no salão, e outra que é batida, que então só os dançarinos do grupo batem o tamanco”. Ele explica que é preciso saber bater no ritmo da viola e que no momento da batida são só as violas, os cantadores e o tamanqueador. A exposição traz ainda itens relacionados aos rituais religiosos como a Folia do Divino e o Fandango, a escultura de uma pomba branca e estandartes com representações do Divino Espírito de Luz e a Santíssima Trindade.
O espaço também conta com a exposição fotográfica Fandango do Paraná – Olhares, obra do fotógrafo Carlos Roberto Zanello de Aguiar, conhecido como Macaxeira. Ela reúne imagens feitas num período de vinte anos, por um curitibano apaixonado pelo seu estado, que se dedicou a registrar a vida no litoral paranaense. Todas as fotografias foram tiradas com câmeras analógicas e algumas delas estão disponíveis para visitação no Museu Campos Gerais.