Por Sérgio Gadini
A triste notícia da morte do escritor catarinense Fernando José Karl (1961-2021), autor de inúmeros livros de poesia e ensaios, motivou uma rápida recuperação da trajetória biográfica do Poeta, que nasceu em Joinville (SC) e morou em Curitiba, entre os anos 1980 e início da década seguinte.
E foi em um dos mais importantes periódicos de produção cultural, publicado pela Secretaria Estadual do Paraná, que Fernando Karl trabalhou em boa parte do tempo em que circulou o jornal Nicolau. Graduado em Letras, leitor compulsivo, com um reconhecido e fundamental domínio da escrita, Karl já havia publicado três livros, quando passa a revisar o periódico, depois passa para redação, com produção de textos e entrevistas, fazendo parte da equipe editorial do periódico que marcou uma importante fase na história da cultura paranaense.
O Nicolau foi lançado no início de 1987 e, logo, se tornou referência na publicação de trabalhos de escritores regionais e também de diversos estados do País. Distribuído nas escolas e espaços públicos do Paraná, o periódico abria espaço para jovens escritores, poetas, divulgando materiais jornalísticos inéditos (e que nem sempre encontravam espaço nos impressos comerciais da época), entrevistas, documentos históricos da região, além de eventuais traduções de textos literários. No início dos anos 1990, o Nicolau registra uma circulação de 77 mil exemplares e um prestígio que ia bem além dos limites geográficos do Paraná.
Sob coordenação editorial do respeitado escritor Wilson Bueno, Fernando Karl integrou a equipe entre 1990 e 94, considerada a fase áurea do projeto. A partir de 1995, quando inicia a gestão Jaime Lerner (PFL, demos e afins, renomeados por diversas vezes), o Nicolau experimenta um gradual enfraquecimento, passando a semestral, até acabar com o projeto no final de 1997, ainda circulando uma derradeira edição em 1998.
E como o Poeta se apresentava, nos textos publicados? Na edição nº 40, em setembro de 1991, era deste modo! “Fernando Karl, 32 anos, nascido em Joinville/SC, é escritor. Autor, entre outros livros, de Óc – um passeio pelo Styx (poesia), Oráculo de Thar (prosa) e Bicicleta Transparente (poesia). Tem gravadas, em parceria com Beto Mondadori, mais de 20 músicas nos Ips Naturais Inventos, Ruas e Cidades e Máscaras de Bronze. É redator de Nicolau”.
A partir de 1995, Fernando Karl integra a equipe do ‘Anexo’, caderno cultural do jornal A Notícia. E, em 2001, editou a Folha do Litoral, em São Francisco do Sul/SC. Entre as diversas atividades realizadas, Karl também foi roteirista e artista visual. A obra “O livro perdido de Baroque Marina” venceu o Prêmio Cruz e Souza de literatura em 2010, na categoria Romance. Fernando também escreveu como colaborador na revista Pobres & Nojentas, de Florianópolis. Um Poeta deixa este mundo, mas fica uma obra, que ainda precisa de divulgação e acesso público. Fique em paz, Fernando Karl. Tua escrita permanece! Fernando Karl morreu em um hospital de Curitiba, em 16/08/2021.