Por Cultura Plural
Por Cassiana Luiza Morilha Tozati, Kathleen Borges Schenberger e Maria Luiza Pontaldi
No mês de enfrentamento à violência contra a mulher, conhecido como Agosto lilás, a Fundação Municipal de Cultura de Ponta Grossa promove o 2º Ciclo de Atividades Formativas, com palestras e atividades culturais. O evento teve início nesta terça-feira, 25, e a programação segue com atividades nesta quarta e quinta-feira, às 19h30, via Google Meet.
O mês de agosto foi escolhido pois marca a data em que a Lei Maria da Penha foi sancionada, em 7 de agosto de 2006. Com isso, o mês é dedicado para a divulgação da lei e para o exercício de conscientização e sensibilização da sociedade quanto à violência doméstica e familiar contra a mulher.
Durante os três dias do ciclo de atividades, cenas do monólogo “O que eu deveria ser se não fosse quem eu sou” são exibidas por 10 minutos antes do início das palestras. A história do espetáculo envolve uma mulher que viveu a violência doméstica por 15 anos e é interpretada pela atriz Michella França, que também atua na organização das atividades do Agosto lilás. A atriz relata que as cenas têm o intuito de dinamizar a conversa e gerar ganchos para iniciar os debates.
Michella observa que é possível discutir assuntos relevantes a partir da arte. “A arte debatendo, falando sobre um tema que é muito atual e que, infelizmente, está crescendo a cada dia, principalmente na pandemia. Então, nada melhor do que usar a arte para discutir questões sociais”, explica.
O primeiro dia de debate contou com a participação de Bruna Miranda, assistente social no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, lotada no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Ponta Grossa. Bruna abordou assuntos como o papel da mulher na sociedade, a reprodução de comportamentos machistas com uma análise de contexto histórico, a dificuldade das vítimas em romper vínculos com o agressor e a sutileza de como o abuso pode se apresentar. A profissional discutiu também o momento da criação da Lei Maria da Penha, explicando o ciclo da violência dentro da vivência da Maria da Penha, e apresentou os avanços da Lei nos 14 anos desde de sua criação, finalizando com aspectos de sua aplicação em Ponta Grossa.
O evento continua nos próximos dias com debates em torno do combate à violência machista. Na quarta-feira (26), às 19h30, a psicóloga do Núcleo Maria da Penha (NUMAPE), Kellen Oliveira, conversa sobre “Violência doméstica e saúde da mulher”, abordando os impactos das relações abusivas na saúde mental da mulher e a importância das redes de apoio nestes casos. Já na quinta-feira (27), também às 19h30, a convidada para o evento é a coordenadora da Patrulha Maria da Penha, Liliane Chociai. A pauta da conversa envolve informações sobre o apoio e segurança à vítima, como denunciar a violência contra a mulher e a importância do trabalho da Patrulha Maria da Penha.
Violência durante a pandemia
No contexto atual da pandemia da Covid-19, as denúncias aumentaram diante do confinamento, que intensificou os abusos. Isso porque as vítimas são obrigadas a conviver com os agressores por um período mais longo de tempo. Apenas no primeiro mês de isolamento social, a quantidade de denúncias de violência contra a mulher em todo país recebidas no canal 180 cresceu quase 40% em relação ao mesmo período (abril) de 2019, segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH).
A Lei Maria da Penha oferece mecanismos de proteção e defesa às vítimas não apenas em casos de violência física e sexual, mas também moral e psicológica. Ao articular debates com mulheres que possuem conhecimento sobre o tema e uma atividade cultural para auxiliar na sensibilização, a campanha do Agosto lilás busca ampliar o conhecimento sobre a lei e atuar na prevenção de casos de violência.
Serviço
O 2º Ciclo de Atividades Formativas conta com o apoio do Núcleo Maria da Penha (NUMAPE), Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Ponta Grossa, Patrulha Maria da Penha e Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.
As inscrições para o evento são gratuitas e podem ser feitas pelo site www.pontagrossa.pr.gov.br/cultura. A organização disponibiliza certificado de participação.