Por Matheus Gaston e Ana Moraes
Nesta quinta-feira (24), terceira noite de apresentações do 47º Festival Nacional de Teatro (Fenata), subiu ao palco do Cine Teatro Ópera o grupo de teatro Cidade de Ponta Grossa. A peça encenada foi “Shakespeare – paixão e poesia”, dirigida pelo dramaturgo Edson Bueno.
De forma bem humorada e em alguns momentos dramática, “Shakespeare – paixão e poesia” faz uma viagem, não só pela vida do inglês William Shakespeare, mas também por todo contexto histórico em que viveu o dramaturgo e suas consagradas produções. Num cenário rústico, semelhante ao ambiente de uma taverna, os atores interpretam vários clássicos de Shakespeare, como Rei Lear, Macbeth, Hamlet e Romeu e Julieta. Além disso, outros textos e até mesmo falas do dramaturgo estiveram presentes no espetáculo.
Essa é a primeira peça montada pelo Grupo de Teatro Cidade de Ponta Grossa. O espetáculo, que estreou em agosto de 2019, surgiu da decisão de trabalhar com o teatro. “Como esse era um grupo que estava começando uma nova experiência aqui na cidade, fiz a sugestão que trabalhássemos o teatral. Foi aí que surgiu Shakespeare, que é um dos maiores ícones do teatro”, conta o diretor Edson Bueno.
Encenar Shakespeare exigiu um processo de estudo sobre o dramaturgo. Desde fevereiro, os atores tiveram a oportunidade de ler peças, assistir a filmes e entender a vida do escritor. “Esse processo foi interessante. A gente assistiu filmes de produções dele para ver como os personagens agiam. Além disso, também pesquisei a vida de Shakespeare no momento em que ele escreveu cada peça”, ressalta Alfredo Neto, ator que participou do espetáculo.
Edson Bueno diz que, no início, é difícil saber como tudo vai funcionar. A construção do espetáculo, de acordo com o diretor, foi um processo lento e natural. Durante os ensaios é possível perceber os caminhos que a peça pode seguir. Isso diz respeito à escolha do cenário e dos figurinos, e até mesmo à própria interpretação dos atores: “A partir da intuição dos atores, do diretor e de toda equipe é que se assume a forma de como a peça deve ser feita”, ressalta Bueno.
Apesar de Shakespare ter vivido entre os séculos XV e XVI, havia a presença de músicas contemporâneas na apresentação, como A Thousand Years, de Christina Perri e composições de Cole Porrter. “Essas músicas tem algo para dizer, muitas coisas que o próprio Shakespeare queria dizer. Eu queria que a plateia vivesse uma experiência que não fosse apenas do Shakespeare clássico, mas sim algo bem liberto, bem alegre”, comenta o diretor, em relação à escolha das músicas.
O professor Phellip William Gruber, que já acompanhou outras edições do festival, considera o espetáculo ousado: “A peça tem esse caráter metalinguístico por pegar vários elementos da história, da produção, da poética de Shakespeare. Achei tudo isso muito bacana”. Ele também comenta a importância da existência do Fenata para o município: “O festival tem esse formato de discussão e reflexão sobre o teatro. Isso enriquece a cultura local, no sentido de criar no público um entendimento sobre o que é o teatro”, destaca Gruber.
Quem acompanha o Fenata pela primeira vez, como é o caso de Rúbia Fernandes, consultora de negócios, destaca o impacto do festival. “As apresentações fazem com que as pessoas voltem a admirar o teatro, prestigiar peças. Isso dá um incentivo ao consumo das atrações culturais existentes na cidade”, ressalta.
A noite de sexta também tem Fenata!
Na noite desta sexta-feira (25), a partir das 20h, sobe ao palco o espetáculo “Estado de Sítio”, produção da Cia. Teatral Controvérsias, de Pindamonhangaba – SP. A apresentação integra a categoria Adulto.
Já na categoria Telmo Faria, participa a peça “Leão no Aquário”. A apresentação da Minha Nossa Cia. de Teatro começa a partir das 22h, no Palco B do Cine Teatro Ópera. O espetáculo faz parte do projeto SESC Encena, em parceria com o Fenata. A entrada é gratuita.