Por Matheus Gaston
Desde muito cedo a arte esteve presente na vida de Lenita Stark. Já na infância, ela adorava desenhar e esse gosto foi se tornando cada vez mais presente em seu dia-a-dia. Porém, nesse vai e vem da vida, a artista quase não encontrava tempo para os fazeres artísticos, tendo que se dedicar a outras atividades, trabalhos, além de cuidar dos filhos. Mas foi logo após se aposentar que Lenita pode entregar-se, quase que exclusivamente, para o mundo da arte. Ela teve a oportunidade de fazer cursos de desenho e pintura e considera que foi uma ótima oportunidade: “A gente vai se aperfeiçoando, se reinventando sempre. O aprendizado não termina nunca”, ressalta.
Lenita fez parte do extinto grupo Croquis Urbanos Ponta Grossa. Todo domingo os integrantes se reuniam, sempre das 9h às 11h, e saiam pelas ruas registrando o cotidiano da cidade. Geralmente os registros eram aquarelas, com o desenho feito no local a ser retratado (in loco).
Em quatro anos de existência e paixão pela arte, o grupo realizou em torno de 140 encontros. As obras produzidas geralmente ficam guardadas, mas os artistas já tiveram a oportunidade de expor algumas produções no Cine Teatro Ópera. Além disso, como comemoração ao aniversário de 196 anos de Ponta Grossa, o grupo recebeu um convite da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais da UEPG (PROEX) para realizar uma exposição.
O amor pela arte também inspira seus familiares, como o neto Daniel, que desde os quatro anos de idade faz desenhos. “O mais interessante é que desde pequeno ele já fazia a sequência dos desenhos, tipo uma história em quadrinhos”. Na casa da avó, o garoto tem um caderno exclusivo para colocar na ponta do lápis suas criações. Às vezes, Lenita se vê “intimada” pela família: “Você fica muito tempo desenhando, pintando e a gente fica aqui sem atenção”, relata Lenita em relação à cobrança dos parentes.
Além do neto, quem também se dedica à arte é o esposo de Lenita, só que não na ponta do pincel e sim no serrote. Haroldo Stark, de 71 anos, é marceneiro. Na residência do casal existe um espaço apelidado carinhosamente de “A Toca”, onde Haroldo permanece horas e horas, produzindo utensílios de madeira. Criatividade e conscientização não faltam! Uma de suas invenções mais interessantes foi uma fruteira, construída a partir da grade de proteção das hélices de um ventilador. Nesse caso, boa parte do material foi adquirida em um ferro velho, além das madeiras, que são reaproveitadas.
Uma novidade que a artista traz é o lançamento de seu livro de memórias, previsto para setembro desse ano pela editora Texto e Contexto. Na obra que escreveu durante mais de cinco anos, Lenita conta como viveu a infância, fase da vida em que foi criada pelos avós. O título é Tiburcia – Memória autobiográfica, em homenagem à sua avó. “Eu me identificava muito com minha avó. Ela foi uma companheira do destino mesmo. A história do livro vai girar em torno dela e dos acontecimentos da infância”, conta Lenita.
Nina Rodrigues, autora do prefácio do livro, relaciona a escrita com a vida da artista: “Cada poema é um quadro que ela compôs com boas tintas. Estes retratos da sua existência se assemelham muito com as suas aquarelas. Embora mostre aspereza em algumas situações, a artista tenta amenizar seguindo o estilo das suas obras”.
Um caso curioso e que está presente na obra foi o fato de Lenita ter sofrido bullying no colégio por causa do nome de sua avó. No evento de lançamento, a artista pretende realizar brincadeiras que marcaram a sua infância. Por último, ela revela que ainda tem uma grande dúvida em relação ao título de sua história: “Eu não consigo definir se o nome de minha avó tem acento ou não”, conta Lenita, rindo.