Por Cultura Plural
Por Amanda Santos
Nesta sexta-feira, 9, aconteceu a abertura do 46º FENATA – Festival Nacional de Teatro, no Cine Teatro Ópera, com a peça A vida em Vermelho: Brecht & Piaf. Protagonizada por Fernando Alves Pinto e Letícia Sabatella a história não se limitou apenas ao diálogo imaginado entre as duas personalidades e trouxe também em voga temas atuais no meio dos diálogos calorosos entre Brecht e Piaf. O encerramento da peça foi certamente o auge, quando durante os agradecimentos, Letícia Sabatella finalizou dizendo “ninguém solta a mão de ninguém” diante de uma plateia que aplaudiu de pé e em coro entoava “ele não!”.
A peça é do autor Aimar Labaki e imagina um encontro entre o poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht, interpretado por Fernando Alves Pinto, e a cantora francesa Edith Piaf, interpretada por Letícia Sabatella.
Num cenário simplista a história se desenrola a partir do diálogo dirigido à plateia, que junto com três músicos vem contando de forma informal a história de vida e causos mais significativos a respeito de Brecht e Piaf – tudo enquanto eles esperam para apresentarem-se num cabaré. Ele, num tom vanglorioso negando suas origens e levantando suas bandeiras, e ela, mergulhada em drama e amor, tornam o encontro histórico quase uma competição e juntos envolvem o público como se a história contada fosse da própria plateia.
A luz do palco transitava entre tons de vermelho, roxo e azul, transformando-se conforme o tom que a história ia tomando.
Fernando Alves Pinto leva Brecht para o palco num terno e gravata, fumando charuto e misturando palavras em alemão e inglês. A rispidez e a ironia marcam a figura do escritor que levava para seus trabalhos artísticos as lutas de classe e o marxismo. Um exemplo é quando uma de suas citações mais famosas é levada ao público de forma direta e declamada, carregada de drama: “há homens que lutam um dia, e são bons; há outros que lutam um ano, e são melhores; há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons; porém há os que lutam toda a vida, estes são os imprescindíveis”.
A performance de Edith Piaf por Letícia Sabatella carregou-se de emoção e fez com que o público, junto à atriz, entoasse os grandes sucessos de Piaf na sua língua materna, o francês. Seu figurino preto era simplista e isso bastava – a interpretação bilíngue era tão intensa que não era necessário mais nada no palco. O sucesso de Edith “Non, je ne regrett rien” marcou a interpretação de Sabatella diante dos clássicos.