Por Cultura Plural
Uma figura aqui, outra imagem ali, um pouco de cola… Com uma ideia na cabeça e tesoura e cola na mão, o artista plástico Silvio Alvarez segue fazendo suas obras a partir do princípio da colagem. E foi essa arte que o paulistano, que hoje mora em Joanópolis-SP (próximo a São José dos Campos, na Serra da Mantiqueira), trouxe à Ponta Grossa na Semana Literária & Feira do Livro do SESC.
Na oficina de colagem, o tema tratado é a sustentabilidade. Nos trabalhos de Alvarez, este também é um dos motes para os quadros. “Trabalho principalmente em três linhas: a relação do homem com o meio ambiente, com as grandes cidades e com ele próprio”, conta o artista plástico. Ele diz que a ideia para a criação das obras surgem por acaso, “assistindo tv, lendo, observando as coisas nas ruas”. Como exemplo, Alvarez cita o quadro ‘A invasão dos pinguins’, que foi criado após ele ver uma matéria de telejornal contando a história de um pinguim que se perdeu da família e foi parar no Rio de Janeiro.
Para dar vazão a todas essas ideias, Silvio conta com mais de 14 mil revistas e folhetos publicitários em seu ateliê, em Joanópolis. As imagens mais utilizadas nos quadros ele já deixa recortadas, como flores, árvores, lixo… “A imagem já vem pronta na minha cabeça: o meio do quadro, as tonalidades, a moldura. Depois é só procurar nas revistas o que eu imaginei. Mas sempre surgem coisas novas e talvez o que eu pensei muda totalmente depois”, explica.
Sua principal obra está exposta no Museu Aberto da Sustentabilidade, em São Paulo. ‘A Árvore’ foi encomendada pela Editora Abril e mede 3,5m x 2,5m. No quadro, centenas de olhos formam a copa da árvore e dezenas de mãos dão forma ao seu tronco, colados em um fundo verde claro. O quadro menor, que serviu de molde, foi dado de presente a Roberto Civita, da editora Abril.
Silvio Alvarez lança ainda este ano o livro Olho da Terra, em parceria com Ana Maria de Andrade, pela Editora Imperial Novo Milênio. “As ilustrações estão muito ligadas à literatura. E é por isso que estou aqui na Semana Literária. É natural e necessário que o campo visual esteja em sintonia com as letras”, relata.
“Com a colagem, tento dar outro sentido à arte, contribuir com a coletividade”, diz Alvarez. Segundo ele, a colagem é também uma ferramenta didática, que pode ser usada dentro de sala de aula. “É uma maneira muito eficaz de trabalhar a consciência ambiental, e esse é meu principal foco”, conta. Silvio Alvarez viaja o Brasil ministrando oficinas para todos os tipos de público, como crianças, jovens, idosos, profissionais da educação e demais pessoas que querem aprender a colagem, a arte de juntar fragmentos dispersos da realidade e formar um novo espectro.
Por Eduardo Godoy