Por Cultura Plural
Neste domingo (12), quinto dia do Festival Nacional de Teatro (Fenata), a Cia de Teatro Sala 3, de Goiânia, se apresentou no Cine-Teatro Ópera com a peça “Maurice”, de autoria e roteiro de Andreane Lima e direção de Altair de Sousa. Trata-se de um romance quase autobiográfico com duração de 60 minutos que agradou ao público com a temática LGBT.
A Cia trabalha há 15 anos com teatro e participou pela primeira vez do Fenata. O roteirista, Andreane Lima, afirma que o grupo ficou feliz em participar do festival justamente por conseguir exibir uma história que já trouxe muitos problemas para ser apresentada, devido à temática LGBT do espetáculo. “Tínhamos esta necessidade de falar do que é comum de uma forma mais suave e romântica. Em Goiânia sofríamos represália”, relata.
Andreane também exalta as dificuldades que o grupo teve até chegar em Ponta Grossa. “Tudo nesta peça é bancado por nós, não temos nenhum patrocínio”.
O espetáculo é um romance com trilha sonora oitentista e instrumental que intercala entre vinte capítulos a história de descoberta e afirmação de Maurice, um jovem de família rica que luta contra um contexto conservador da Inglaterra na década de 1910 a favor da sua sexualidade. Além de Maurice, quatro integrantes do espetáculo interpretam o primeiro namorado, a mãe, a irmã, o médico e o psicanalista da família (atuação feminina nos papéis), o reitor da universidade em que Maurice estudava e o segundo homem por quem se apaixonou.
Com o auxílio de projeção em cinco telas distribuídas pelo palco e um cenário intimista e com iluminação da época, incluindo luminárias, “Maurice” é um espetáculo que trouxe aos espectadores do Cine-Teatro Ópera o debate, sem receios, da batalha de um homem para ser aceito e vencer os tabus que a família, a religião, a universidade, a insegurança e seu próprio amor trazem para que consiga ser aquilo que desejava.
A peça apresentou algumas projeções que enfatizavam a contribuição de homens homossexuais ao longo da história como Leonardo da Vinci, Alan Turing e Oscar Wilde, que também enfrentaram situações que os colocaram em papel de doentes ou ameaça à sociedade.
Durante o debate após a peça, foram discutidas interferências técnicas que aconteceram ao longo da apresentação e atrapalharam os atores, como falhas inesperadas da luz. O quinto dia do Fenata finalizou com a peça “Terrível Incrível Aventura: um musical fabulesco marítimo”, da companhia curitibana Bife Seco, que integrou mais um dos espetáculos apresentado na mostra Telmo Faria. O Fenata continua até o dia 16 de novembro com peças na rua, no Cine-Teatro Ópera e no Teatro Pax.
Confira a programação completa: http://www.uepg.br/fenata/