Por Cultura Plural
Por Yasmin Aguilera
(Contém spoiler)
“Wicked” chegou oficialmente nas telonas brasileiras em 21 de novembro com a função de eternizar o musical da Broadway e tornar realidade um sonho que esteve no papel por muito tempo. A história começa pelo “fim” de Elphaba e pelo início da fama de Galinda – posteriormente autodeclarada Glinda e super-fã de rosa – duas melhores amigas em um mundo onde ainda não há Dorothy, homem de lata e muito menos espantalho e leão covarde.
“No One Mourns the Wicked” é a primeira faixa do musical, onde os Munchkins descobrem que a “Bruxa Má do Oeste” (Elphaba) está morta, e o bem prevalecerá com a “Bruxa Boa” (Glinda). Esta cena traz aos espectadores fãs de Oz o modo como a saudade e a tristeza em perder sua melhor amiga se sobressaem à sede de uma boa fama. Os vocais de Glinda (interpretada por Ariana Grande) surpreendem com um tom lírico e idêntico ao musical da Broadway. Durante os sete minutos de canção, crianças questionam a queridinha do rosa sobre como o mal surgiu em Elphaba. A resposta conta de maneira excelente e detalhista a história da Bruxa Má, fruto de uma traição com um homem – suspeito de ser um mágico – que dava à sua mãe uma bebida verde em todos os encontros e que resultou em uma bebê de pele verde, que cresceu sofrendo repúdio por sua coloração.
Após o fim do spoiler do segundo ato, a história em Shiz University tem início com a primeira interação entre Galinda e Elphaba, um momento claro sobre as inseguranças e raivas desta pelas afirmações “você é verde” e suas respostas decoradas (“não, não estou enjoada”; “não, não comi capim na infância e sim, sempre fui verde”). Galinda, após ouvir sobre as nuances da visitante, diz que pretende ajudá-la a se tornar “normal” quando começasse suas aulas de mágica e, claro, foi aplaudida por todos em sua volta, confirmando sua imagem mimada e egocêntrica, sempre querendo ser aprovada por todos. Elphaba não estava presente na universidade porque queria aprender magia (algo que ela já tinha em mãos), mas sim para levar sua irmã Nessarose – cadeirante e a mais querida pela família – conhecer sua nova casa. Mas seu pai, o governador de Munchkin, não deixaria a filha mais nova, vista como um troféu que deve ser lustrado a todo momento, ficar sozinha. A irmã mais velha teria que ficar e prezar pelos cuidados da caçula.
Elphaba cultiva um instinto protetor em relação a Nessarose e constantemente é tomada por raiva, o que ativa seus poderes e – na maioria das vezes – torna o lugar que está em um ambiente caótico e cheio de emoções.
“The Wizard and I” é a primeira faixa cantada por Elphaba – interpretada por Cynthia Erivo –, mostrando já de início suas técnicas vocais inigualáveis e o mais puro envolvimento entre a personagem e a atriz que a interpreta. Cada trecho da música conta sobre o sonho sendo realizado em potencial em ser aceita e glorificada por alguém pela primeira vez. Já “What Is The Feeling” é um duo das personagens sobre o ódio entre elas, mostrando dois pontos de vista da história até o momento e um coral inesquecível e viciante junto às vozes de Grande e Erivo.
No decorrer da história, Elphaba descobre situações inaceitáveis com um dos docentes da Universidade, isso revolta seu senso de justiça e transformações que ela queria realizar em um mundo tão quieto sobre as coisas erradas.
“Eu até daria para alguém, mas não odeio ninguém o suficiente para isso” é a frase que inicia uma consolidação de amizade entre as colegas de quarto. Galinda entrega a Elphaba um chapéu – velho e “fora da moda” em Shiz – para uma festa. O que leva a Elphaba achar que, talvez, Galinda não fosse tão péssima. Esse é apenas o começo do carinho que é cultivado cada vez mais durante os minutos.
E foi aí que Elphaba se tornou Elphie.
Os últimos minutos do filme mostram o amor criado entre as duas melhores amigas. Glinda e Elphaba vão atrás do Mágico juntos, o que de certa forma acaba em um caos completo. O mágico entrega a Elphie o Grimmerie, livro de encantamentos poderoso que só ela consegue ler, com a intenção de manipulá-la. Mas, ler o feitiço por impulso e necessidade de aprovação marca um ponto crucial no desenrolar dos eventos em “Wicked: Parte 1”, transformando-a na inimiga pública número um de OZ. Com o livro em seu poder, ela ganha acesso a feitiços potentes, embora perigosos e imprevisíveis.
“Defying Gravity” é a última faixa do filme e se torna cada vez melhor, alcançando notas impressionantes e passando sensação de poder e liberdade. A “Bruxa Má” chama a “Bruxa Boa” para saírem de lá juntas, mas Glinda não consegue desistir de seu sonho em ser reconhecida pelo mundo, então, ambas se despedem com muito amor e Glinda se torna a mais nova queridinha de OZ.
O filme retrata o amor vindo do desconhecido, a ganância se sobressaindo, o medo do novo, a manipulação em pessoas sensíveis e principalmente, como o poder pode liderar uma história completa. “Wicked” (2024) chegou às telas de cinema dando lições de vida para quem tem dez anos de idade até quem tem mais de 50 e sempre foi apaixonado por “O Mágico de Oz” (1939). Cynthia Erivo e Ariana Grande-Butera, protagonistas da história, com mais de dois anos de preparo para as gravações do filme, deram um show de atuação, canto e sensibilidade. “Wicked: Parte 2” chega aos cinemas no dia 20 de novembro de 2025.