Por Cultura Plural
Por Ingrid Muller e Yasmin Aguilera
A 43° Semana Literária e Feira do Livro do Sesc Estação Saudade reuniu na última quarta-feira (07/08) dois escritores que compartilham a mesma paixão pela literatura: José Luiz Tahan e Miguel Sanches Neto, reitor da UEPG. O evento teve como tema central a troca literária entre os artistas e o lançamento do livro “Um intrépido livreiro nos trópicos: crônicas, causos e resmungos”, de José Luiz Tahan.
O autor relata que sua inspiração para escrever o livro veio de leitores anônimos e de leitores célebres que muitas vezes são escritores. “O enredo se baseia nas histórias vividas dentro de uma livraria de rua, e como uma livraria virou o alimento para um livro. Dessas experiências nascem as crônicas, os artigos mais reflexivos sobre quem nós somos e para que serve uma livraria de rua”, revela. Para o escritor, tudo que acontece nesse espaço é muito inusitado e surpreendente.
O livro de José Luiz Tahan é uma coleção de memórias e histórias de 32 anos de trabalho em uma livraria de rua em Santos (SP). A crônica de seu livro muda os aspectos tradicionais, visibilizando e abrindo espaço para mais livreiros compartilharem suas caminhadas neste meio.“Geralmente quem fala sobre as livrarias é o leitor ou escritor, mas, nesse caso, é o próprio livreiro falando sobre a livraria, então se torna um local de fala diferente”, observa Miguel Sanches Neto.
O bate-papo, conduzido de forma leve e descontraída, abordou diversos aspectos do universo literário, desde o processo criativo até os desafios enfrentados pelos escritores e editores no Brasil. Tahan, conhecido por sua vasta experiência no mercado editorial, falou sobre a importância das livrarias nos dias de hoje. “Hoje, um livro dá a volta por tudo, ele consegue ser perene. O que move uma livraria é o desejo viciante dos leitores”, analisa o escritor.
Miguel Sanches Neto, por sua vez, compartilhou suas vivências como escritor e acadêmico, ressaltando a importância da literatura como ferramenta de reflexão e transformação social. Para ele, a troca de ideias e experiências entre autores e leitores é essencial para o desenvolvimento da cultura literária. “O livro foi e sempre será a maior revolução tecnológica do mundo”, destaca.
Durante o evento, questionamentos como “O preço do livro não afugenta o leitor?” e “O e-book pode tomar o espaço dos livros impressos por ser mais em conta?” surgem em meio à plateia. José Luiz Tahan explica que, em seu ponto de vista, o e-book não é a mesma coisa que ter o livro em mãos. “O leitor de e-book tem que ter mais disciplina, somos o tempo todo bombardeados de notificações pop-up e basta uma mensagem chegar que deixamos o livro digital de lado, já o livro físico ganha em quase todos os aspectos, a questão sensorial ajuda a manter a cabeça focada, livro tem virado terapia”.
Sobre os valores, o escritor afirma que há uma parte do público que prefere gastar em um ingresso no cinema que dura duas horas do que em um livro, por exemplo. “É claro que lutamos para a baixa dos preços literários, pois com certeza isso pode afastar leitores; o mercado é desigual e estamos tentando implementar maneiras de ajustar este quesito”, diz. Tahan finaliza a participação na semana literária conversando com o público e assinando seus livros, na oitava cidade visitada para lançamento da obra.