Por Cultura Plural
Por Victor Schinato
A peça “Não Contém Glúten” fechou o Festival de Teatro Prosiá no dia 27. As peças, cenas curtas, oficinas e mais aconteceram desde o dia 22, com ênfase em artistas de Ponta Grossa. “Não Contém Glúten”, ao contrário das outras montagens que participam do evento, pertence a uma companhia de teatro de Brusque (SC), a Trama.
O enredo se desenrola a partir do apartamento de um casal que, em um racionamento de água no dia mais quente do ano, recebe a visita de um casal de amigos. O drama da história nasce quando, por baixo das aparências, o casal de protagonistas secretamente se ressente pelo sucesso dos amigos. Seja pela aquisição de um novo carro, mudança de casa, ou até mesmo gravidez, os protagonistas mal conseguem conter sua antipatia.
A partir da hipocrisia do casal e da busca incessante pela vitória numa competição de quem é mais feliz, ambos começam a se desfazer de máscaras e no final do texto podem se reconhecer enquanto as pessoas falhas que são.
O texto pincela críticas sobre como, mesmo que sem especificar a época, o colapso climático terá consequências que atingiram sobretudo a população mais pobre. No universo do espetáculo, o aquecimento global é o motivador para muito do mau humor dos personagens, o calor excessivo, assim como o aumento no nível do mar e o racionamento de água. Enquanto os amigos ricos podem comprar produtos importados, recebem recursos ilimitados e podem se mudar para uma área longe do risco de inundação, os protagonistas precisam lidar com a miséria e podem apenas imaginar como seria suas vidas em outras circunstâncias.
K’roll Oliveira, diretora da peça, se formou na Universidade de Artes do Paraná e ingressou no mundo do teatro em Ponta Grossa. Após se formar em Curitiba, mudou-se para Brusque e atua como diretora, figurinista e maquiadora da peça. “A Trama havia escolhido esse texto ainda durante a pandemia, quando ela acabou começamos o presencial”, afirma a artista sobre o espetáculo. “Houve o processo de pegar um texto que já existia, e transformar em algo nosso”.
K’roll também ressalta que, em certas partes do texto, foram criadas cenas completas para adaptar a fala de personagens. “Uma personagem fala “se você dançasse tango, eu dançaria com você”, é só isso, a gente contrata coreógrafo para que tivesse cena dessa dança.” A diretora também ressalta que, pelo fato de os visitantes serem invisíveis, o texto teve a liberdade de brincar com o lúdico, mesclando aquilo que é imaginação e a realidade.
Encerramento do festival
O Festival Prosiá se encerrou com premiação, realizada no Melts no dia 28. A peça “Não contém glúten” não participou da competição por ser de fora de Ponta Grossa.
Além dos prêmios tradicionais, de melhor roteiro, interpretação e outros, a edição deste ano conta com o Prêmio Heloísa Frehse de Teatro. Os indicados foram escolhidos por meio de voto popular, assim como o premiado. A intenção é que o público escolha o melhor artista de teatro pontagrossense, seja ator ou técnico.
O encerramento também trouxe a confirmação da 4° edição do festival, juntamente com uma fala sobre a importância do teatro e das leis de incentivo fiscal à cultura, sendo o Prosiá participante do PROMIFIC.
Os indicados e premiados seguem a seguir:
Melhor cena: Vencedor – Esperando
Melhor cena por júri popular: Vencedor – Esperando
Melhor texto original: Vencedor – Endereçado ao Monstro que Habita em Mim
Melhor maquiagem: Vencedor – Anatomia da Morte
Melhor figurino: Vencedor – Espelho, Espelho Meu
Melhor figurino: Vencedor – Esperando
Melhor Conceito Cênico: Vencedor – Desaparecidos
Melhor Cenário: Vencedor – Anatomia da Morte
Melhor Atuação: Vencedor – Michella França (Esperando) e Leonardo Lopes (Anatomia da Morte)
Prêmio Heloísa Frehse de Teatro: Davi