Por Cultura Plural
Por Marina Ranzani, Natalia Almeida, Pietra Gasparini e Yasmin Aguilera
Os palcos do Cine Teatro Ópera receberam no dia 25 de julho o espetáculo “ Laços no Espelho”. Promovida pelo Festival de Teatro Prosiá, a peça retrata um pouco da história de Vivi e Alves com uma narrativa cômica mas, ao mesmo tempo, sentimental. Vivi cuida de seu pai, um senhor hippie que enfrenta dificuldades com a memória. Ao longo da peça, relembram e revivem diversas situações que marcaram suas vidas e construíram essa relação. A história é baseada na vida real dos próprios atores, Álvaro e Vivian Bueno, pai e filha, que atuam pela primeira vez juntos.
Os protagonistas Vivian Chemin Bueno e Álvaro Bueno Filho contam que a ideia surgiu do amigo e diretor da peça, Ezequiel Ramos, que tinha o desejo de fazer uma montagem baseada nas vivências reais dos atores. Ramos convidou o dramaturgo Gabriel Vernek para escrever a peça e, juntamente com a equipe Diálogos Culturais e Inspire Projetos Criativos, concluíram a montagem.
Vivian diz que o processo foi desafiador e se sente motivada para continuar. “Essa sensação que a arte traz depois que a gente apresenta é um trabalho difícil e estafante, mas que vale muito a pena, você toca as pessoas de uma forma inesperada”.
Em seu primeiro trabalho como ator, Álvaro fala sobre a carga emocional que foi estrear ao lado da filha, contando suas próprias histórias. “É muito difícil separar o emocional do técnico, principalmente por esse texto ser baseado na nossa vivência diária. Tem momentos que prefiro não escutar o que ela está falando para não me emocionar e estragar a cena”, revela. Pai e filha também contam sobre a música, feita por eles mesmos especificamente para a peça, que talvez seja lançada futuramente. A canção, que termina com a frase “nossa história é tão bonita, conto de amor para ser feliz”, relata o sentimento de um diante do outro.
Os espectadores Luciano da Silva Mafra e Beatriz Bonelli Mafra são pai e filha que também atuam juntos e relatam que se comoveram ao assistir a peça. “Choramos o tempo inteiro, a gente tem uma história muito parecida com a deles, meu pai era meu professor de teatro e cantava muito pra mim quando eu era criança, são diversas situações que nos identificamos“, revela Beatriz. Luciano conta sobre como a peça é envolvente. “O espetáculo é simples mas muito emocionante, é uma peça muito familiar”, completa o pai.
Gabriel Verneck, dramaturgo de “Laços no Espelho”, compartilha detalhes sobre o processo criativo e suas impressões sobre o espetáculo. Verneck mergulhou na história de pai e filha para criar uma narrativa que mistura a realidade com a ficção. Seu primeiro contato com a história foi estabelecido ao ouvir os atores para captar a essência dos personagens e seu relacionamento na vida real. O dramaturgo explica que esse processo inicial foi crucial para o desenvolvimento da peça.
No desenvolvimento da narrativa, ele conta que adotou uma abordagem sensível e delicada. “Os dramaturgos escrevem com os ouvidos. Escuto o que os atores têm a me contar e os provoco com perguntas durante o processo.” Esse diálogo constante com os atores o ajudou a construir uma narrativa rica e multifacetada, misturando elementos reais com ficcionais.
Verneck revela que não acompanhou nenhum ensaio, escreveu o texto e confiou no que o diretor e os atores fariam. Ao final da apresentação, ele expressa sua satisfação com o resultado da peça. “O público saiu chorando, emocionado, e eu sai com um sorriso de orelha a orelha”.
O autor finaliza destacando a importância da dramaturgia inclusiva que foi inserida na peça. “A dramaturgia da peça é pensada para pessoas cegas ou com baixa visão. Junto com a sensibilidade da história, também incluí ferramentas auditivas, para que esse público possa experienciar o espetáculo de forma completa”. A próxima apresentação de Laços no Espelho está marcada para o dia 17 de agosto no Cine-Teatro Ópera.