Para os frequentadores do Conservatório Maestro Paulino, o ano letivo de 2024 apresenta incertezas, especialmente sobre a reforma divulgada pela Secretaria Municipal de Cultura. Em uma publicação realizada em março pelo Instagram da instituição, foram dadas boas-vindas aos alunos às aulas “em um Conservatório totalmente reformado”; entretanto, a situação atual da estrutura permanece a mesma. Inclusive, a informação chegou a ser alterada, no momento o texto diz que houve apenas uma “reformulação” do espaço.
Um dos funcionários do local, que não quis se identificar, relata que a divulgação da reforma pela Secretaria mostrava-se ainda fora de execução. “Só botaram plaquinhas nas salas, só deixaram mais bonitinho; mas no sentido de estrutura está tudo do mesmo jeito”. Ele diz que, apesar das diversas solicitações feitas, não houve mudanças significativas. O funcionário acrescenta que um dos principais alvos de reclamações é a ausência de acústica dentro das salas de aula e de estudo instrumental. Segundo ele, é quase impossível que dois professores lecionem em salas próximas sem que consequentemente atrapalhem um ao outro. Ainda de acordo com ele, há deficiência na estrutura.
A mesma situação é expressada por uma estudante da instituição, que também prefere não se identificar. Para ela, a falta de reparos na estrutura prejudica o foco nos estudos. A aluna relata que já houve momentos em que seus ensaios começaram atrasados devido à falta de equipamento em boas condições. “Perdemos 30 minutos de ensaio, porque fomos procurar estantes que não estivessem quebradas”. Ela explica que, juntamente com outros estudantes, procuraram por estantes pelo Conservatório e ao fim encontraram somente algumas que estavam danificadas.
As fontes consultadas pela reportagem apontam uma questão em comum: ambas trouxeram relatos sobre a falta de refrigeração no Conservatório. De acordo com o funcionário, em um ensaio, foi relatado que algumas pessoas passaram mal por causa do estresse térmico criado dentro da sala. Algo também criticado e exemplificado pela estudante. “Um calor muito grande e geralmente não dava para ligar o ventilador, porque as partituras voavam”. Ela complementa dizendo ainda que muitas vezes esses equipamentos estavam quebrados ou simplesmente não existiam na sala.
Contraponto
O secretário de Cultura, Alberto Portugal, relata que desconhecia o conteúdo da postagem em que foi divulgada a reforma do Conservatório Maestro Paulino. Ele observa que o local chegou a passar por reformulações, usando de exemplo as salas de turmas infantis, que passaram do terceiro andar para o térreo, por questões de melhor movimentação dos alunos.
A respeito da acústica, o secretário reconhece que há pessoas que reclamam, mas não considera que essa seja uma unanimidade entre os frequentadores do local. Portugal ainda complementa que é uma decisão da gestão atual que haja diversas aulas acontecendo simultaneamente, para que assim possam haver mais alunos aprendendo a tocar um instrumento. “Hoje nós temos um imóvel construído que recebe cerca de 800 usuários; esses 800 usuários felizmente estão aprendendo música ao mesmo tempo. Obviamente o som vai interferir de uma sala para a outra”.
Sobre a falta de refrigeração no local, o secretário relata que havia um equipamento de ar condicionado com defeito, mas que dentro de um período de 30 dias foi consertado. Para outras salas menores ele revela que realmente não existe um sistema de refrigeração. “Isso não foi previsto no projeto de construção do ímovel e hoje não temos um orçamento para isso”. Ele completa ainda que a secretaria já tentou captar recursos externos para a estruturação do espaço, mas não teve sucesso. “Ponta Grossa não faz só calor, são poucos os dias de calor intenso”, pondera.
No que se refere a questões estruturais gerais, como o piso e o acabamento do teto, Alberto Portugal afirma que todos foram feitos com materiais que não são mais produzidos, dificultando a substituição. “Nós realizamos as manutenções que estão dentro de nossas condições”.
O secretário ainda complementa que a estrutura é uma referência para o Estado e que possíveis reclamações também podem ser feitas pela ouvidoria da Prefeitura. Segundo ele, as que foram recebidas durante sua gestão foram atendidas e solucionadas.