Por Joyce Clara
Como parte da programação do Dia da Criatividade, o Coletivo Inajá realizou, no dia 20 de abril, uma sessão de curtas seguida de conversa com os diretores. Os dois curtas foram produzidos por diretores nascidos em Ponta Grossa: “O Fruto” (2020), de Gabriel Chemin, e “Eu te amo, Bressan” (2021), de Gabriel Borges.
O Fruto
“O Fruto” conta a história de um pai e um filho que possuem uma relação distante e, ao mesmo tempo, envolvida por afeto. Chemin conta que o curta foi o resultado do trabalho de conclusão de curso e que buscou explorar a natureza no aspecto visual de sua obra. “Me interessava muito a forma de filmar e explorar esse espaço, sua natureza e ritmo, e como ele afeta as pessoas que ali vivem”. Ele também expõe que buscou suas experiências na construção do roteiro, com a infância entre o campo e a cidade.
Quanto à exibição no Dia da Criatividade, ele considera gratificante ver a recepção do público. “A resposta sempre é muito acolhedora e é interessante ver as diferentes interpretações dadas ao filme, fiquei muito contente ao escutar um comentário de que o filme conseguiu captar o espírito da região”, observa Chemin.
Sobre projetos futuros, ele conta que vai dirigir este ano o curta-metragem “Poeira de Estrela” e produzir o curta “Interlúdio”, dirigido por Paloma da Costa, com o apoio do edital da Lei Paulo Gustavo.
Eu te amo, Bressan
“Eu te amo, Bressan” se passa depois do fim do namoro do personagem, que através de episódios de seu relacionamento constrói para o público uma história de amor. Gabriel Borges conta que iniciou o roteiro para esse curta já no primeiro ano da faculdade e realizou no segundo ano. A produção foi possibilitada por um edital da Prefeitura de Curitiba voltado à produção de curtas-metragens por realizadores iniciantes, porém, o diretor expõe que a questão financeira foi uma das maiores dificuldades do processo.
Borges também expõe os significados dessa produção. “Esse filme lida muito sobre como realizar um cinema negro”, relata, ao lembrar que desde a faculdade sentia que sua realização girava em torno de questões que não eram próprias, com protagonismo de personagens brancos, burgueses e de classe média. “É um pouco a classe em que eu vivo, mas eu não sentia que aqueles filmes faziam parte de mim, então eu tinha vontade também de falar desse cinema”, complementa.
Rayanne Bueno esteve presente na mostra de curtas e já frequentou as atividades do Cine Clube do Coletivo Inajá. Para ela, as produções nacionais e ponta-grossenses remetem à própria vida cotidiana. “Eu gosto de ver essas produções por perceber e identificar referências àquilo que vemos diariamente, nossa cultura e costumes. O que não acontece com um filme estadunidense, por exemplo”.
Sobre os curtas, ela observa que trouxeram o mesmo tema: relações. “Os dois abordam tipos diferentes de relacionamentos. Um, entre pai e filho, com uma relação que, apesar de distante, carrega uma vida de interações e significados. Outro, com um casal que mostra a intensidade, a proximidade e depois a separação e a saudade que vem com ela”.