Por Joyce Clara
Por Joyce Clara
No Solar Conselheiro Jesuíno Marcondes está localizado o Museu Histórico de Palmeira. O casarão, com arquitetura colonial portuguesa, comporta um acervo que preserva a memória da cidade, a maioria dos itens foi obtida por meio de doações de palmeirenses. Palmeira surgiu em 1819, a partir de uma doação de terras, e completou 205 anos no último domingo (7).
O casarão onde morou Jesuíno e família, e onde atualmente está o museu, foi doado para o Instituto Histórico e Geográfico de Palmeira, em 1960, por Emília Alves Marcondes de Araújo, neta do político. Em 1970 o local passou a pertencer à Prefeitura Municipal. Estima-se que o prédio remete ao período de 1850.
Domingos Inácio de Araújo foi um tropeiro, que também construiu a Capelinha Bom Jesus, que é um dos monumentos mais antigos de Palmeira (1836). “O pai de Domingos [Manuel José de Araújo], portanto avô de Jesuíno Marcondes, é o doador das terras para fazer a igreja Matriz e detentor da Fazenda Palmeira. Ou seja, Palmeira está muito ligada ao tropeirismo e à elite agrária, elite detentora de escravos e que liderou muitas guerras contra indígenas, tem esse lado da história também”, explica Paulo Henrique Taufer, secretário de Meio Ambiente, Cultura, Turismo e Comunicação da Prefeitura de Palmeira.
Ele ainda explica a união de Domingos com a filha de comerciantes poderosos de Paranaguá, e isso representa um pouco o movimento histórico de nepotismo do Paraná, com a união da elite agrária e mercantil.
Jesuíno Marcondes de Oliveira e SáNascido em Palmeira em 1827, Jesuíno foi filho do Barão e Baronesa do Tibagi, José Caetano de Oliveira e Cherobina Rosa Marcondes. Atuou na advocacia e posteriormente entrou na carreira política: membro da primeira Câmara Legislativa da Província do Paraná (1854); Primeiro Suplente de Deputado Geral (1854); Deputado Geral do Império (1856); Deputado da Assembléia Provincial (1860).Além disso, em 1864, foi nomeado Conselheiro do Imperador, e passou a atuar no Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, porém deixou o cargo quatro meses depois, quando a Guerra do Paraguai e a crise política se iniciam. Após a instalação da República, Jesuíno se muda para São Paulo e em 1891 vai para a Suiça, onde falece em 1903.Em 1880 Dom Pedro II realiza uma passagem por Palmeira. Segundo Taufer, os documentos obtidos e jornais da época relatam que a imigração estava sendo incentivada, porém, que a infertilidade das terras fez com que famílias fossem embora, o que reverberou na corte do Rio de Janeiro. Jesuíno foi o responsável pela venda das terras, com objetivo de instalar os imigrantes, mas ele vendeu as terras da irmã, que não era produtivas, e recebeu dinheiro do Império para isso; quando o imperador visitou o município, responsabilizou Jesuíno por isso. |
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O museu também possui itens que dizem respeito à presença Kaingang em Palmeira. Inicialmente eles viviam na bacia do rio Tibagi, mas expedições militares os obrigaram a fugir para os Campos de Guarapuava. Além disso, uma parte guarda os registros da escravidão, como documentos de posse e cartas de alforria, assim como participação de palmeirenses na guerra.