Por Julia Almeida
A terceira temporada de Young Royals não veio só para abalar os corações dos fãs do romance entre Príncipe Wilhelm e o doce Simon, mas também para concluir uma história que comoveu e sensibilizou o público. A trama envolvendo os alunos de Hillerska, colégio interno de renome que ambienta a série, vai muito além da revolução que é a paixão entre um príncipe e um garoto de família humilde, contrário a todos os conceitos da monarquia. O desenrolar da história abrange temas como saúde mental, transtornos alimentares, cibercrime, desigualdade social, pressão familiar, luto, alcoolismo, uso de drogas e, claro, as descobertas em torno da sexualidade. A temporada final da obra criada por Lisa Ambjörn, Lars Beckung e Camilla Holter será disponibilizada, na Netflix, em duas partes. A primeira parte do fim da história de Simon e Wilhelm chegou na última segunda-feira (11) e o último episódio sai na plataforma no dia 18 de março.
A terceira temporada, embora comparada às outras duas deixe um pouco a desejar, eleva os simbolismos apresentados pela série. A relação dos protagonistas acaba se subvertendo ao criar um retrato dos personagens baseados em seus sentimentos. Vemos um príncipe completamente agressivo e egoísta e um Simon calado e que ignora as próprias crenças e princípios para se encaixar na vida de Wilhelm. As expectativas de ver os dois em um relacionamento feliz e saudável são reduzidas a cinzas, quando nota-se que a relação é construída a partir de nenhum diálogo e a conversa é geralmente substituída por abraços e sorrisos que não dizem o que realmente querem. A verdade é que na terceira temporada o relacionamento acaba virando uma relação tóxica e frágil. Outro ponto que ganha maior visibilidade diz respeito ao reflexo da sociedade representado pelas relações internas dos estudantes de Hillerska. A relação calouro e veterano, os trotes denunciados, a pressão de ser alguém dentro da escola (apresentada pelo arco de August), entre tantas outras coisas, cria a atmosfera que os criadores parecem estar preparando desde o início da série. Um retrato das dificuldades de viver em uma sociedade que oprime as minorias e aclama a elite.
A série permanece com atuações realistas e convincentes, dando destaque a Edvin Ryding, que assume uma postura impecável ao dar vida ao príncipe herdeiro. As emoções tocam ao assistir e, combinadas à ótima direção, com sequências que inovam, parecem atravessar a tela. A série, desde sua estreia, toca o telespectador, seja ao retratar a vida difícil do garoto que deve assumir o trono antes mesmo de se entender por inteiro ou ao nos apresentar todos os lados dos que compõem a série, fazendo com que simpatizamos e entendamos as realidades e justificativas de cada história que amarra a trama. Young Royals segue seu próprio caminho, sem se preocupar com o que o público deseja, o que reflete em uma obra que anda por si só e torna-se singular por acreditar em seu propósito.
É difícil prever como será o último episódio, já que toda a temporada caminha de forma lenta, sem se aprofundar e sem aparentar levar realmente a um final. O que faz parecer que apenas um episódio não seja o suficiente para que todos os pontos sejam amarrados. Ainda há esperança que o casal Wilmon tenha um final feliz depois do enredo da terceira temporada? Qual o futuro dos outros personagens? August e Sara vão se redimir? Felice vai se posicionar contra as tradições de Hillerska? Fredrika e Stella vão ter sua história de amor? Wilhelm e August vão se perdoar? São exemplos de pontas soltas que parecem impossíveis de se resolver em um único episódio. Aos amantes assíduos da série, resta esperar pelo episódio seis e torcer para que o fim seja equivalente ao início dessa história.