Por Quiara Camargo
Por Fernanda Matos e Quiara Camargo
No último domingo (3), a cantora Letícia Silva, bi-campeã do festival universitário, subiu no palco da sala de espetáculos do Sesc Estação Saudade junto com o musicista Fernando Bertani, da Banda Mambaia. O show levou o nome Avesso em uma referência à maternidade e a existir em Ponta Grossa. ‘’Aqui em Ponta Grossa, no lugar onde a gente tá, eu me sinto muito do avesso também. Todo mundo tá indo pra um lado, todo mundo acha uma coisa e ai a gente acha o contrário, então acho que por isso, por conta dessas duas situações, por eu tá me sentindo muito virada no avesso e sempre ser do contra’’, conta Letícia.
O espetáculo aconteceu de maneira gratuita. Bertani explica que é necessário um planejamento dos artistas para promover a apresentação sem custear algum valor da comunidade. “Nós buscamos medidas que ajudem nos custos, que seja livre para a população, sem cobrar de quem vai usufruir do evento”, pontua.
O show aconteceu às 16h e encheu a casa, inclusive contando com a presença de diversas mães e criança. O convite para as mulheres e seus filhos foi feito pela própria Letícia, que tinha na plateia sua filha Ayo, de seis meses. A nenê é inspiração de uma das músicas que compõe o projeto e em vários momentos aproveitou a apresentação do colo da mãe. A cantora explica que, como mãe e artista, precisou se adaptar no cenário da arte ‘’O mundo te exige uma produção e você não dá conta da produção naquele tempo, Fernando foi um grande apoio pra fazer essa ponte entre Letícia mãe e Letícia profissional. Ele falou ‘você é uma mãe que canta e tá tudo bem a gente espera teu tempo’.’’
“Para mim, a música hoje representa a responsabilidade de acompanhar a Letícia”, diz o músico Fernando Bertani ao explicar a importância da música e do projeto Avesso. Ele explica ainda que a música é necessária para criar conexões entre as pessoas. “A música é força e linguagem afetiva, com emoções capazes de aproximar uns aos outros”, comenta Bertani.
Avesso contou com um repertório carregado de produção autoral, mpb, samba e pontos de umbanda. Letícia explica um pouco da escolha do repertório: ‘’sendo uma mulher parda, miscigenada, que pode estar no espaço que está, trazer quem eu sou por completo é muito mais justo comigo e com as outras pessoas. Naquela época eu trazia muito uma pauta (antes de viajar, antes de tudo), hoje em dia eu só sou, eu sou macumbeira, eu sou mulher, eu sou louca, eu sou triste, eu sou má, eu sou amorosa’’, analisa a cantora.
O show encerrou com a música Intermitência na voz de Letícia, com partipação de Lorinez Kovalski e Larissa Garabeli. A música autoral, premiada com o 1º lugar da etapa regional no FUC em 2017, coroou o inicio do mês da mulheres e foi aclamada pelo público.
Letícia explica que, entre as próximas idealizações, já tem um álbum com suas produções com convites para artistas do Paraná e da Bahia. “Agora que aconteceu (o show), já me dá fome de outras coisas, já me dá vontade de outros projetos’’ conta. O álbum está sendo idealizado também em parceria com Fernando Bertani.