Por Cultura Plural
“Abra os olhos e veja que não está só, que ninguém é melhor ou pior que você. O amor está em todo lugar”. Com esta frase teve início, no último sábado (15), a final do 30° Festival Universitário da Canção (FUC). A música apresentada por Alexandre Mello na quinta-feira (fase regional), não classificada, serviu para um propósito maior: a homenagem a Sandro Pedrozo, vítima da homofobia em Ponta Grossa, falecido no último dia 13. A iniciativa da organização do evento comoveu o público.
Seguindo com o protocolo oficial foram apresentadas as 12 canções classificadas anteriormente, sendo três da fase regional e nove da nacional. Representando diversas regiões do país, os músicos puderam mostram nesses três dias de festival um pouco dos ritmos e sons que carregam na sua trajetória. “Hoje em dia se tem a amplitude nacional, vemos os ritmos de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Amapá e até do Amazonas, podemos ver a identidade regional de cada localidade”, afirma Antônio Camargo, que participa do FUC desde a primeira edição.
Foram no total seis premiações durante a noite. A banda A Vera foi escolhida pelo júri popular com a música ‘Intermitência’, campeã da fase regional. Em terceiro lugar ficou a música ‘Lótus em mim’, de Marcus Marinho e Achiles Neto, da cidade baiana Vitória da Conquista. A música paulista de São José dos Campos ‘No way’, de Max Gonzaga, levou a segundo colocação. Os prêmios de melhor intérprete, melhor letra e primeiro lugar foram para a música ‘Tá’, de Gregory Ahertel e Tiago K (melhor letra) e interpretação de Bruna Moraes (melhor intérprete) e Tiago K. A última vez em que a mesma música levou mais premiações no mesmo ano foi em 2015, ‘Contenteza’ de Paulo Monarco e Dandara.
“O festival é uma das poucas portas que a música autoral ainda tem no Brasil. A nossa música dificilmente chegaria em Ponta Grossa se não fosse o festival”, comenta o músico Tiago K. Pela primeira vez no FUC, a cantora Bruna Moraes diz que ficou muito feliz de ver a casa cheia para apresentações autorais. “Quando a gente vem pro festival e vê que as pessoas vieram pra ouvir músicas que elas nunca ouviram dá a sensação de felicidade”, frisa.
Em uma época de retirada de direitos e de um governo com apenas 7% de aprovação pelos brasileiros, pode-se perceber a liberdade de criação sobre críticas políticas. No entanto, nem sempre foi assim, como comenta Antônio Camargo. “O primeiro FUC foi feito em uma época em que a repressão ainda existia, algumas letras não eram aprovadas pela censura, com muito sufoco outras passavam. Hoje se pode ter acesso as coisas diferentes do circuito nacional”.
Entre os jurados responsáveis pela noite estava Carmina Juarez. Bacharel em canto popular pela Unicamp e Faculdade Santa Marcelina, fez os cursos de formação especial de professores na Faculdade de Belas Artes. Ela explica que um festival como o FUC traz coisas boas e coisas novas para o cenário musical brasileiro.
Ao longo dos 30 anos de FUC muitos músicos passaram pelos palcos do evento, muitas músicas foram divulgadas. “Esta música tem tudo pra emplacar um grande sucesso aí pelo Brasil e ela representa bem a cara do festival”, diz Carmina. No final das apresentações, o show de encerramento da 30° edição do FUC foi com o cantor Moraes Moreira e o guitarrista Davi Moraes.
Texto de João Guilherme Castro e Kethlyn Lemes