Por Joyce Clara e Amanda Stafin
Por Amanda Stafin, Joyce Clara, Naiomi Mainardes e Victor Schinato
Esta quarta-feira (08), penúltimo dia da programação oficial do Fenata, trouxe peças para crianças e adultos. Foi um dia com discussões sobre a natureza e sobre o que é ser palhaço e animador de peças.
Na parte da tarde, as crianças da Escola Municipal General Aldo Bonde e do Colégio Elite assistiram a peça “E o Sol Avermelhou”, da companhia de teatro Arte Móvel. A história conta as dificuldades que uma família passa por conta da seca e a necessidade de sempre se deslocarem. Porém, ao chegarem em um novo vilarejo, eles descobrem que é possível reverter o problema climático causado pelo ser humano, através da filha da terra. Cândida então vai em uma jornada para se desculpar com o Sol, que cada vez mais estava secando a terra, e restaurar o equilíbrio, salvando a humanidade.
O elenco formado por Brunna Oliveira, Gabriel Mazon, Lays Ramires e Vinícius Pestana, sob direção de Otávio Delaneza, performa um texto reflexivo, que apesar de levantar várias questões sociais, é feito de forma que se encaixa em um teatro infantil. Tal efeito é possível, além do texto, pelo cenário lúdico e uso da música.
Lays Ramires, atriz e produtora da companhia, já esteve no festival antes e volta para Ponta Grossa com duas peças – “E o sol avermelhoy” e “N”, que será apresentada na categoria adulto na noite de hoje (09).
Sobre o objetivo da narrativa, ela expõe que vai além da mensagem que fica mais óbvia, a da necessidade de preservar a natureza. “A peça traz a preocupação com a natureza à sua volta, tanto mal que o homem está fazendo e o desmatamento desenfreado, é sempre uma preocupação enorme pra nós, e queríamos trazer isso”. Além disso, a peça aborda através de simbolismos a mulher sendo heroína, por exemplo.
A peça foi inspirada nos trabalhos de Candido Portinari, principalmente na obra “Os Retirantes” e na cultura andina, que traz a ideia da igualdade entre os povos. Foram utilizados muitos elementos, principalmente no figurino.
O Pregoeiro
O terceiro espetáculo do dia abriu as cortinas para “O Pregoeiro”, apresentado por Márcio Lima Barbosa, também conhecido por Libar, uma junção do seu sobrenome. A mostra de palhaçaria realizada no palco A do Cine Teatro Ópera trouxe narrativas de reflexão junto a uma dose de bom humor e gargalhadas.
A peça, um misto de palhaçaria com stand-up, reflete sobre o sentido da arte e do humor. Márcio atua juntamente com Giu Libar, sua filha, que cuida da técnica e da cenografia.
No espetáculo, o ator critica a exclusão do termo amor da bandeira da república, visto que a frase de Comte que inspirou o lema é: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por meta”. Márcio afirma que é necessário ter coragem para demonstrar os sentimentos que nos deixam vulneráveis. E o palhaço é aquele que tem a coragem de se expor, ser golpeado, e continuar se colocando em posição de vulnerabilidade.
Márcio Libar é um dos mais reconhecidos palhaços no Brasil, criou um evento internacional de palhaçaria nos anos 80. Quando Márcio encontrou sua filha, depois de 19 anos, ambos se uniram e criaram a Libarte, empresa que une a tecnologia e a arte em prol do amor.
Animo Festas
O último espetáculo da noite, “Animo Festas”, trouxe o submundo das festas infantis ao palco B do Ópera. O palhaço Klaus, autodenominado o anti-herói da palhaçaria, conta sua história de sofrimento em meio a crianças enquanto animava festas de aniversário.
A peça conta com show de mágica, contação de histórias, brincadeiras com o público e altas doses de sarcasmo. Nos relatos, o palhaço narra as violências sofridas para pagar o aluguel no final do mês e ainda alfineta a pouca valorização da arte na sociedade.
Márcio Douglas, ator do Klaus, conta que a figura do palhaço sombrio surgiu em um exercício de uma aula de fotografia enquanto cursava artes visuais. A partir disso, ouvindo histórias de palhaços e revisitando a própria vida, construiu a personalidade do anti-herói da palhaçaria, que luta contra as injustiças sofridas por animadores de festa em todo o mundo.
Hoje (09) as peças que fecham a 51° edição do Festival Nacional de Teatro são “Cuidado: um palhaço mau pode arruinar sua vida”, com o Palhaço Chacovachi, diretamente da Argentina, às 20h30, e a peça “N”, às 22 horas, no Cine Teatro Ópera.