Por Cultura Plural
Por Naiomi Mainardes e Victor Schinato
Após meses de ensaios, o Grupo de Teatro Científico apresentou a peça “A que faz” no grande auditório da UEPG Central. Na noite do sábado 21, a peça levou ao público a reflexão acerca das múltiplas vivências da figura feminina no universo científico.
Na cidade de Não é Aqui, duas amigas começam a pensar sobre seu futuro e na possibilidade de atuarem como cientistas, então são orientadas por uma mulher já experiente na área. A proposta da peça é, por meio de arquétipos, fazer com que as personagens representem várias mulheres ao longo da história, e também aquelas que assistem à peça.
A peça se inicia com uma reflexão sobre tempo e memória, para que então a audiência seja levada a uma viagem através da vida de uma proeminente pesquisadora em várias áreas. Por meio de suas lembranças, casos de agressões e suas diversas descobertas científicas.
O espetáculo é um musical, composto por 14 músicas autorais, escritas a partir de pesquisas reais, que atuam como guia narrativo das memórias e vida profissional da personagem guia para as garotas.
Leila Freire, coordenadora do projeto e diretora da peça, afirma que o espetáculo começou a ser montado no meio do ano e conta com cerca de 20 pessoas em sua produção. O roteiro foi idealizado a partir da pesquisa de mulheres da UEPG e entrevistas com cientistas da universidade, o que resultou na peça e na exposição Mulheres Cientistas de Ponta Grossa, disponível no campus de Uvaranas, ao lado do Museu de Ciências Naturais.
De acordo com Leila Freire, tudo foi pensado de maneira a ilustrar a vivência feminina na ciência, de roteiro a cenários e figurinos. Quanto ao vestuário, todos foram criados pensando na fluidez e na água, sendo uma metáfora sobre como as mulheres precisam ser adaptáveis e capazes de se alterar para caber nos ambientes. Em relação a escolha de cores das roupas, Leila atribui a referências históricas, visto que os tons de azul eram mais atribuídos a mulheres, enquanto o atualmente aceito rosa e magenta era designado aos nobres e realeza, por conta dos pigmentos caros.
O cenário, quase um personagem da peça, inicialmente representa um ambiente urbano e potencialmente opressor, onde existem muitos “muros a serem ultrapassados”, como o próprio elenco afirmou em uma conversa após a peça. No decorrer da narrativa, a paisagem começa a ganhar cor, resultado do avanço das mulheres na área científica. Com isso, o cenário se torna uma exposição com grandes mulheres brasileiras, ou atuantes no Brasil, na ciência e suas respectivas pesquisas. Algumas das mulheres ali representadas são: Bertha Lutz, Nise da Silveira, Nísia Trindade, Conceição Evaristo, Jaqueline Goes e Ester Sabino, sendo as duas últimas responsáveis pelo sequenciamento do genoma do coronavírus.
O Grupo de Teatro Científico da UEPG é um projeto de extensão dos cursos de química, matemática e artes, com atuação de acadêmicos de outros departamentos. O grupo de artistas se apresentará no evento Ciência em Cena, com a peça “A que faz”, e também nos dias 5 e 6 de novembro na 51° edição do Festival Nacional de Teatro, reprisando a peça “Coração em chagas”.