Amor em três atos
E eu digo que te amo,
como mais fiel apaixonado,
como poeta, momento, ser,
e sorrio à mínima ideia
de te ver uma vez mais.
Amar-te-ia ainda se não te conhecesse,
na mínima fragrância tua,
no rastro dos teus sonhos
ainda me atrairia,
e ainda que nas paisagens
que conversassem com teu olhar
eu seria apaixonado
por sentir algo teu.
E mesmo que no extremo da idade,
ainda que meu pensamento
já não seja um guia perfeito,
que as memórias não residam em mim,
apaixonar-me-ei cada dia novamente,
e a cada sorriso sentirei de ti
a mesma felicidade,
e como servo olhar-te-ei,
procurando o que procuro todos os dias,
em cada raio de sol
que há em ti,
em cada canto que eu escutar,
em cada sonho que me passar.
E mesmo que os dias se findem,
e que meus olhos se fechem
uma última vez,
será teu meu pensamento,
meu sentimento,
meu eu…
Será teu o meu grão de existência,
e com a última das minhas forças
lembrar-me-ei de um beijo,
do teu cheiro,
do mesmo caminho que meus olhos fazem
a te procurar na escuridão,
como criança, como esperança, como presságio.
E ainda que estas sejam minhas palavras,
ainda falta tanto.
Falta a explosão, o calor, o sol…
Faltam os trilhos, os seguros, as distrações…
Mas o amor recobre,
se desdobra,
acaricia, tudo pode.
Vem, dorme, sonha, aqui.