Poder sonhar
Quando o sonho me abandona
eu preciso encarar a realidade de frente,
como um suor gelado que escorre nos meus olhos
e uma pressão quente sentada no meu peito.
A noite escura silencia o quarto,
existem sons perdidos aqui e ali,
as lembranças emanam a forma latente
e um desenho começa a se formar no ar.
Seria ilusão demais
querer enxergar?
Alguns barulhos se mexem no escuro,
são sintomas do sono que é abundante
e em mim a falta completa.
Os pensamentos voam, livremente,
ecoam no quarto e me fazem palpitar:
onde eu estaria se não fosse eu?
Contra as lágrimas já não luto,
muitas vezes é melhor se dar por vencido,
o corpo fala
e quando se quer calar, impedir,
ele fala mais forte
e o grito sai por todos os poros.
Tremo.
É engraçado pensar nas sombras,
tão vivas e tão misteriosas.
Amo e quero amar,
quero, desejo, penso, vivo,
quem sabe pra sempre
ou só este momento.
Mesmo a noite densa não dura pra sempre,
e os olhos, sofridos, têm que descansar,
venero o instante como eternidade,
sonho com vidas futuras, nossas…
Posso dormir agora?