Por Cultura Plural
Por Vinicius Orza
A Pixar é conhecida mundialmente por ter inovado a produção de animações, popularizando por meio de Toy Story (1995) o estilo que utiliza gráficos gerados por computador, devido à visibilidade que o título adquiriu por ter sido um dos primeiros filmes inteiramente produzidos digitalmente. A partir daí, o estúdio marca seu nome na história com um sucesso seguido de outro, explorando e abusando ao máximo de todas as capacidades que o 3D poderia proporcionar, através de tecnologias novas criadas para algum uso específico – como no caso de Monstros S.A, onde foi criado um software para especificamente ser usado com os personagens excêntricos do longa.
Mas já faz algum tempo que a regra do jogo vem sendo alterada, fazendo com que aqueles que não explorem um meio de se reafirmar com alguma novidade fiquem para trás por simplesmente não inovarem. A Pixar vem sendo enquadrada nesta situação. Hoje, o que chama a atenção do público são filmes com artes inéditas e criativas, que mesclam técnicas de animação para obter um estilo único e marcante. A principal chave de virada para a indústria foi o Homem-Aranha no Aranhaverso, de 2018, que fez estrondoso sucesso comercial e levou para a Sony uma vitória no Oscar com um longa que misturava animação 2D e 3D de forma suave e harmoniosa, fazendo com que os olhos de todo um público se abrissem para o novo estilo. Hoje, cada vez mais estúdios têm apostado em maneiras originais para tornar suas obras únicas.
A Pixar parece estar estagnada em si mesma e não consegue mais usufruir da criatividade que tanto a consagrou. Ano após ano, foram lançados projetos que pecam na hora de marcar os espectadores, com enredos e personagens esquecíveis e um aparente desejo ardente de entregar uma mensagem bonita sem se focar nos detalhes da produção e nem na caracterização de seus universos. O seu mais recente projeto, Elementos, também sofre com tais problemas. Se comparado a outros longas populares do gênero em 2023, o filme acaba ficando bem abaixo dos demais.
Elementos foca demais em uma mensagem mal imposta, que força uma relação entre os protagonistas que não funciona e é rápida demais – o que é até surpreendente, tendo em vista o quanto a duração do filme é incapaz de favorecer uma boa construção de mundo, desperdiçando toda a ideia inicial que vem sendo usada como divulgação. O grande clímax da produção, alimentado durante o longa inteiro, é resolvido de maneira que chega a ser risível de tão simples, acabando com a já quase inexistente carga dramática de uma narrativa que falha em tentar acertar no mais básico possível. Embora a animação esteja melhor a cada ano, nos tempos atuais só ser bonita acaba não cumprindo a função de chamar a atenção das pessoas. Isso é comprovado com o grande fracasso que vem sendo visto nas bilheterias ao redor do mundo, denotando um dos piores rendimentos do estúdio até hoje.
Os tempos são outros. É preciso se reinventar. Por isso, enquanto a gigante das animações ocidentais continuar insistindo em uma fórmula não funcional para seus filmes e não tentar acompanhar a indústria atual, a tendência é que sua decadência seja cada vez mais inevitável. Assim, seguiremos vendo novos fiascos de bilheteria e crítica, como o seu último lançamento.