Há mar
Quando o azul dos dias
parece me encontrar,
nem dos humores abissais,
nem das inabitáveis criaturas
posso me retratar,
pois que é necessário se anular
quando o azul te toca.
E se os males existem,
provavelmente vem de mim,
não há paisagem que aprove,
não há céu que sustente,
o sol recusa qualquer escuridão.
Penso no vazio
e ele em mim pensa,
vejo pontos ensolarados
e tento me prender,
mesmo sendo tão difícil,
eu aprendi a lutar,
mas nunca sei se devo.
Digo um olá ao mundo que passa,
e os meus olhos apenas fotografam
as situações e os cotidianos,
não pertenço a nada
e nada me pertence.
Sair ou ficar,
nada faz sentido,
nada acalma os pensamentos
nem nada sou
pra poder me dizer.
Amanhã o dia raia,
hoje permaneço,
vejo pelas frestas do raciocínio,
vejo raios solares
tocando a paisagem tão bela,
o mar é a imensidão
que há em mim.