Por Cultura Plural
Um pavilhão aberto, cadeiras à direita, um palco montado ao meio, cavalos e charretes em frente. Pessoas sentadas, outras em pé, alguns cavaleiros. Destacando-se ao centro de todo o ambiente, encontra-se uma igreja. É a Paróquia do Espírito Santo, localizada no bairro de Oficinas, em Ponta Grossa. No domingo, 21, o espaço estava ocupado pelo fiéis e participantes que vieram para celebrar a Festa de São Vendelino.
A Festa, que acontece em Ponta Grossa desde a construção da igreja, por volta dos anos 1950, é uma tradição vinda no século XIX com os russo-alemães que viviam na região de Volga, ao sul da Alemanha. Conforme explica uma descendente de imigrantes, Bernadete Maria das Neves, a devoção ao Santo estaria relacionada à imigração. “Os russo-alemães trouxeram a devoção a São Vendelino, que é um Santo bem conhecido na Alemanha”, afirma.
A programação da Festa teve início com a realização de uma missa, que reuniu devotos do Santo e outras pessoas que compareceram para as festividades. Dona Nair Ruth, por exemplo, participa do evento há muito tempo. “Eu sempre venho e nunca deixo de acompanhar a missa”, relata. É o caso também do senhor Amazonas de Jesus Batista, participante das celebrações e da cavalgada. “Eu sou devoto por uma porção de janeiros”, conta.
Durante a missa, os frutos e os animais também foram benzidos. De acordo com o padre William Beck, a comemoração a São Vendelino objetiva abençoar, além das pessoas, os animais. “É uma festa popular, onde a gente tem bênção dos animais, depois a celebração da Santa Missa e uma procissão em toda a região”, descreve. O padre conta ainda que, durante a marcha religiosa, os cachorros, gatos e passarinhos que estão na casa dos cristãos são abençoados.
Após a celebração da missa, os fiéis foram agrupados para que a procissão com cavalgada pudesse ser realizada. Charretes decoradas, cavalos com sinos e imagens católicas marcavam as características da concentração. Enquanto os cavaleiros chegavam, algumas pessoas se preparavam para acompanhar a comitiva com os automóveis, que passaria pelas vilas Colônia Dona Luiza e Maria Otília. O senhor Amazonas, por exemplo, participa da cavalgada há quatro anos e afirma que, embora na presente edição da Festa a quantidade de acompanhantes seja menor, a tradição se mantém. “É a quarta procissão que faço e na última vez estávamos em quase quatrocentos cavaleiros”, diz.
Uma fila de fiéis se forma e, de cima da charrete, um padre os abençoa com um ramo de folhas. A procissão tem início e dura aproximadamente uma hora e meia. Depois, os devotos retornam para o local de celebração, onde mais tarde as brincadeiras e jogos começam. Dona Walli Barth é uma das pessoas que vai apenas à comemoração festiva. Ela revela que vem para participar do almoço e do bingo, mas considera a importância religiosa também. “É uma festa importante para a igreja, o Espírito Santo e a gente se reúne aqui para comer”, fala.
Segundo o organizador do evento, estima-se a participação de mil pessoas em todos os datas de celebrações, que começam nove dias antes com as novenas e termina com a Festa de São Vendelino.
A história de São Vendelino
De acordo com a tradição contada pelos imigrantes, São Vendelino nasceu no ano de 553 e era um homem muito rico que, após receber um chamado divino, deixou a família e foi viver como eremita. Para garantir a sobrevivência, São Vendelino começa a trabalhar numa fazenda onde a baixa produção era frequente. No entanto, depois de passar a cuidar das plantações e dos animais, a produtividade melhorou. A partir de então, a fama de Santo passou a ser divulgada entre as pessoas. Tempos depois, Vendelino é convidado para ser abade e começa a abençoar, realizando milagres e curas.
A celebração a São Vendelino em Ponta Grossa e no Brasil
No Brasil, existem dois locais em honra ao Santo conhecido também como protetor dos animais: a Paróquia do Espírito Santo de Ponta Grossa e outra localizada em Santa Catarina. Embora o principal padroeiro da comunidade religiosa da cidade paranaense seja o Divino Espírito Santo, São Vendelino é tido como o segundo, por oonta da devoção local.
Reportagem de: Kerem Bonfim