Por Cultura Plural
“Teatro é resistência”, diz o coordenador geral do 50º Festival Nacional de Teatro
O Festival Nacional de Teatro (Fenata) abre as cortinas de palcos espalhados por toda Ponta Grossa, neste ano de maneira totalmente presencial. O festival, que consta nos calendários oficiais de Ponta Grossa, acolhe na 50ª edição 26 grupos de artistas de todo o país.
Nelson da Silva Jr., diretor de Assuntos Culturais da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (PROEX) da Universidade Estadual de Ponta Grossa e coordenador geral do festival, destaca a importância do evento para o teatro e para a cidade de Ponta Grossa. Acompanhado pelo elenco da peça de abertura “Tudo”, composto por Vladimir Brichta, Júlia Lemmertz, Márcio Vito e Cláudio Mendes, o coordenador refletiu sobre a importância da arte e do teatro num período conturbado para o país em entrevista coletiva concedida à imprensa na última segunda-feira (07).
“A nossa função de artistas é de mostrar às pessoas que é possível criar uma realidade diferente, fazer de uma forma diferente da que nos é imposta”, diz Cláudio Mendes sobre a volta presencial aos palcos. A atriz Júlia Lemmertz compara o teatro a uma forma de vacina: “onde a medicina não alcança, só a arte salva.”
“Com o fim da pandemia, a coisa mais transgressora que poderíamos fazer é o teatro”, reflete Vladimir Brichta a respeito da interação entre plateia e artistas na dinâmica teatral. O ator Márcio Vito, que também integra o elenco do espetáculo de abertura, acredita que o teatro é um local de discussão de complexidades, pois faz refletir e provoca conflitos nas certezas da audiência.
O coordenador do festival alerta sobre o descaso com o desmonte sequencial do Ministério da Cultura, que prejudicou não só o Fenata, como toda a cena teatral brasileira. Nelson expressa preocupação sobre o desestímulo sistêmico à cultura que foi operacionalizado nos últimos anos, mas tem esperanças quanto ao futuro, acreditando em novas políticas públicas de incentivo à cultura.
Cláudio Mendes pensa que o cenário só mudará no momento em se entender que cultura e educação andam juntas, aliando o conhecimento artístico a uma reforma educacional. O desafio, para ele, é que crianças em fase de formação possam ter consciência de sua identidade cultural e valorizar a arte.
A programação do 50º Fenata segue até o domingo (13), completando os 85 espetáculos previstos pelo festival. com mostras especiais, infantis, adultas, de rua e de artistas dos Campos Gerais.