Por Cultura Plural
Por Gabriel Aparecido, Isabelle Fudal, Joyce Clara, Maria Vitória Carollo, Matheus Gaston e Quiara Camargo
Depois de dois anos de pandemia, o Festival Universitário da Canção volta à modalidade presencial. Na noite deste sábado (11), o público pode acompanhar a apresentação de 12 canções autorais de músicos de Ponta Grossa e região, direto do palco do Cine-Teatro Ópera. Além de reunir artistas e plateia novamente, a 34ª edição do FUC também foi marcada pelo show da banda Blindagem, o primeiro pós-pandemia e de estreia do vocalista Willian Vox.
O evento começou às 19h, com a fala de Sandra Borsoi e Edina Schimanski, representantes da Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Culturais da UEPG (PROEX), e do reitor Miguel Sanches Neto. Este ano, o FUC recebeu 32 inscrições de Ponta Grossa e uma de Tibagi, segundo a organização. Em seguida, as canções selecionadas foram apresentadas. As poltronas, que estavam vazias, começaram a ser ocupadas durante a execução das primeiras músicas. Logo depois das apresentações, o público presente fez a indicação de uma música ao prêmio Júri Popular.
Ao longo da noite, a equipe do Cultura Plural visitou os camarins e conversou com alguns participantes. Músico há 20 anos, o tecladista Abel Júnior, que é de Ponta Grossa, participa do FUC pela primeira vez. Para ele, a 34ª edição é a mais diversa. Abel ainda considera o festival uma janela para a música independente. “É uma oportunidade para tirar a visão comercial da música e ver que tem muita gente boa tocando, muito talento, gente que ralou e estudou demais para estar aqui”.
Outro estreante é o músico Vicco, que apresentou a canção “Terra à vista”. Segundo ele, a composição foi escrita no momento em que o artista se curava de uma depressão. Vicco conta como foi a experiência de participar do festival:
Veterana no Festival Universitário da Canção, a baixista Andria Jéssica considera que, além de fomentar a música local, o FUC é um estímulo para que bandas e músicos produzam conteúdo autoral. Ainda que tenha participado de outras edições, a baixista se dizia ansiosa. “No ano passado, como era gravação em estúdio, a gente pode tocar a música várias vezes. No palco presencial, é uma vez só”.
Cezão foi um dos intérpretes da canção “Ladeiras da minha cabeça”, junto com Camilo Fink e os Rivos. O baterista vê essa edição do FUC como um momento de reencontro entre artistas e o público. “É trazer de novo a realidade, que é de ver, sentir a vibração, escutar ao vivo, coisa que a gente não teve nos últimos dois anos”, aponta.
Blindagem
Convidada especial da noite, a banda Blindagem subiu ao palco logo após a apresentação das músicas selecionadas. Fundado em Curitiba, o grupo é a principal referência do rock paranaense. Clássicos como “Não posso ver”, “Miragem”, “Cheiro do mato” e “Loba da estepe” aqueceram e contagiaram o público, que também soltou a voz. Em frente ao palco, alguns fãs mostraram admiração e carinho pelos músicos.
A apresentação no Festival Universitário da Canção é o primeiro show presencial da Blindagem pós-pandemia, além de ser a estreia do músico Willian Vox como vocalista, que assume o lugar de Ivo Rodrigues. Em uma breve pausa durante o show, Paulo Teixeira homenageou o luthier ponta-grossense Anhaia, que fabricou sua guitarra.
Confira a entrevista feita pela repórter Quiara Camargo com os integrantes da banda:
Vídeo: Matheus Gaston
Premiação
Depois do show da banda Blindagem, a organização do 34ª FUC anunciou os vencedores da edição. Formada pelas cantoras Uyara Torrente, Katia Drumond e pelo músico Thiago Xavier, a comissão julgadora avaliou as 12 canções a partir dos quesitos música, letra e interpretação, levando em consideração critérios como melodia, harmonia, originalidade e performance.
A grande vencedora da noite foi a música “Fé, menino”, interpretada por Vivian e a banda Eu, Você e os Isqueiros. Ao subir no palco, a vocalista, que já se apresentou em outras edições do FUC, disse que sentia como se estivesse ali pela primeira vez. Em entrevista ao Cultura Plural após a premiação, Vivian compartilhar a emoção de conquistar o primeiro lugar:
A composição “Acende a luz do lampião”, do músico Scilas de Oliveira, de Tibagi, foi premiada com o segundo lugar e com o prêmio Júri Popular, indicado pelo público. Scilas também conquistou a segunda colocação no FUC do ano passado, com a música “Um bêbado iluminado”. O terceiro lugar ficou com a canção “Silêncio”, escrita pelo artista Luizinho.
O prêmio de Melhor Interpretação foi indicado à drag queen Lilo e ao cantor Matheus Camargo, que apresentaram a canção “Fuga”. No início do show, Lilo reforçou a importância da participação e presença de dois artistas LGBTQIA+ independentes no FUC, durante o Mês do Orgulho. “É resistência, muita garra e muita força! A gente precisa seguir e fazer o que a gente acredita”, destaca.
Ao repórter Gabriel Aparecido, Matheus e Lilo explicam o significado da música premiada, que será lançada nas plataformas digitais na próxima sexta-feira (17):
A música “Luz dos Nossos”, interpretada por Zero Meia, Swolom, Stanley e DJ Tom recebeu o prêmio de Melhor Letra. O grupo garantiu a mesma premiação no FUC de 2021, com a composição “Num estalo”. “Estamos fazendo história colocando o rap pela segunda vez no palco do festival”, exalta Stanley. “O fato de poder subir nesse palco é uma experiência única”, completa Zero Meia.
Zero Meia e Swolom apresentaram a música “Luz dos nossos” | Foto: Isabelle Fudal
Swolom lembra que, apesar de ser a segunda vez do rap no FUC, essa é a primeira vez que o estilo participa da modalidade presencial. “É uma comemoração pra gente poder representar o rap, que é uma forma de resistência. Através dele, a galera luta, se une, move conteúdos que fazem jovens saírem das ruas, estudarem, refletirem”, enfatiza.
Além de certificação e participação na segunda fase do projeto FUC Reverba, os músicos e bandas premiadas recebem os seguintes valores em dinheiro:
Primeiro lugar: R$ 4 mil
Segundo lugar: R$ 3 mil
Terceiro lugar: R$ 2 mil
Melhor Letra: R$ 1 mil
Melhor Interpretação: R$ 1 mil
Júri Popular: R$ 1 mil
FUC Reverbera
Criado em 2021, o programa busca promover a autogestão dos músicos, criar um espaço de aprendizado e fortalecer os elos com o mercado musical por meio de mentorias, workshops e outras ações. “Em sua formação, os músicos não são preparados para o mercado. O FUC Reverbera nasceu da necessidade de mostrar o trabalho dos nossos músicos”, explica Sandra Borsoi, diretora de Assuntos Culturais da UEPG.
De acordo com Sandra, no ano passado, o programa investiu cerca de R$ 162 milhões em serviços para aceleração de carreiras. Este ano, a primeira fase do FUC Reverbera aconteceu no dia 10 de maio, através de palestras com músicos, universitários e profissionais da área.
Na segunda fase, exclusiva para os vencedores da 34ª edição, os participantes terão acesso a serviços como planejamento estratégico de redes sociais, consultoria para editais, gravação em estúdio, sessão fotográfica e participação em evento na Baiacu-Bö, de acordo com a classificação no festival. Além disso, os premiados também participarão de entrevistas nos projetos Cultura Plural e Culturação.