Por Matheus Gaston
Entre pliés, elevés, relevés e outros passos, começam as noites de segunda-feira na associação de moradores do Rio Verde e Núcleo Pitangui, em Ponta Grossa. Com a sapatilha no pé, crianças de diferentes idades se descobrem no universo da dança. Desde o início de abril, o espaço oferece aulas de ballet e dança acrobática para a população. A iniciativa é fruto de uma parceria com a Artheiros, companhia de teatro, dança, arte circense e de rua.
A ação faz parte do projeto Dança nos Bairros, coordenado pela dançarina Camila Leria, e busca ampliar o acesso à cultura para crianças e jovens que vivem nos bairros e vilas do município. As aulas acontecem no salão da associação e são oferecidas para a comunidade desde 2016. Suspensas nos últimos dois anos por conta da pandemia, as atividades foram retomadas neste mês. Atualmente, cerca de 30 alunos frequentam a iniciativa, que é direcionada para pessoas de todas as faixas etárias. Antes da covid, eram mais de 120 participantes, segundo a coordenadora.
De acordo com Fábio Silva, presidente da associação de moradores, a ação tem o objetivo de estimular e desenvolver a formação de futuros profissionais da dança. “O ballet vem transformando vidas através da dança, formando cidadãos de bem, além de futuros professores e dançarinos”, diz. Segundo ele, as aulas atendem moradores de outros bairros, fora o Rio Verde e o Núcleo Pitangui. O espaço comunitário também realiza outras atividades artísticas, como musicalização e capoeira.
Na cozinha da associação, que tem vista para o salão, mães, pais e responsáveis observam e registram cada movimento das dançarinas. Akemi Shoji Hilgemberg é moradora do Jardim Gianna e matriculou a filha Carla, de nove anos, a convite de uma amiga. Ela observa que a filha ficou mais atenta e disciplinada depois que começou a participar do projeto. “Sempre que a Carla participa da aula, ela volta outra criança pra casa, mais feliz”, comenta. “Através da dança, ela aprendeu a se expressar e a se comunicar melhor”, completa.
“Não tem como explicar, a dança pra mim é tudo. É como se fosse mágica”, conta Carla Hilgemberg, ao tentar definir o que é dança. A bailarina relata que desde os quatro anos de idade tem interesse pelo ballet. A criança ainda pratica canto e toca instrumentos musicais. “É assim que consigo expressar o que estou sentindo e ficar alegre”, explica.
Além de contribuir para a formação de futuros profissionais, a oferta de aulas em uma associação de moradores também favorece a comunidade. “O projeto é um presente para as famílias que não podem pagar”, afirma Akemi. A iniciativa é um caminho para descentralizar a cultura em Ponta Grossa, considerando que a maioria das escolas de dança estão localizadas na região Central da cidade.
Benefícios
A professora de dança e fisioterapeuta Thatiane Loppnow reforça que qualquer pessoa, de qualquer faixa etária, pode começar e voltar a dançar. “Não existe uma idade específica”, observa. No caso do ballet, há uma recomendação para que as crianças iniciem aos três anos de idade. “O começo da dança é muito lúdico. Isso tem que ser levado por um bom tempo até que a criança atinja uma maturidade corporal e comece a fazer o ballet de forma técnica. Por isso, a gente recomenda que inicie nessa idade.”
Em relação à prática por crianças, a especialista aponta uma série de vantagens para o corpo, como fortalecimento da musculatura, alongamento, desenvolvimento da mobilidade, coordenação motora e noção espacial. Thatiane ainda ressalta que os benefícios vão muito além da consciência corporal, e podem influenciar na formação da personalidade. “A dança trabalha com educação, disciplina e organização da criança”, explica.
Serviço
As aulas de ballet e dança acrobática acontecem nas segundas-feiras, das 18h às 19h30. O espaço fica na rua Darcy Taques de Araújo, ao lado da UBS Antero de Mello. Interessados em participar devem entrar em contato pelo telefone (42) 99972-4012. Os participantes pagam uma mensalidade de R$ 30.
Galeria de imagens
Fotos: Matheus Gaston
Reportagem feita na disciplina Produção e Edição de Textos Jornalísticos II, com supervisão do professor Muriel E. P. Amaral