O tempo serve apenas de escada
para guiarmos nossas saudades
nos mares do passado,
ele é localizador do passado
e uma régua do futuro,
pois o instante,
esse já se foi, já é passado,
e o próximo que virá
é apenas uma ideia no futuro.
O agora é fugidio, é um relance,
uma ilusão passageira…
Bem como são seus olhos,
são o anúncio, são uma pausa,
quem sabe essa pausa seja até eterna,
pois eu me perco a fitá-los…
E quem explicará o seu cheiro,
seu movimento dançante no ar,
sua presença e seu poema,
esse mesmo que eu vou colhendo
há sete anos, e vou espalhando pela casa
pintando nas paredes,
como se eles fossem algo meus,
como se fossem minhas crias,
quando apenas são extraídos da sua boca,
da sua calma,
do seu fervor?
Ah! Pense nos prefácios
como uma expectativa de felicidade,
pense nas fotos como vidas que já vivemos,
pense no agora, na nossa história,
na alegria que flui entre nossos corpos,
no deleite de tê-la aqui…
Sinta o próximo beijo
como uma supernova
a explodir criando o amor,
como uma tormenta de pura calma,
como um eterno amanhã cheio de certezas,
um paradoxo do futuro,
uma brisa leve e calma,
um afago na alma,
o meu amor…