Por Jessica Grossi
Todas as sextas-feiras, às 15 horas, em formato online, acontecem os encontros do CineLiteratura, que tem o objetivo de relacionar livros e suas obras cinematográficas. Neste mês, a obra escolhida foi O Auto da Compadecida. A atividade é desenvolvida pelo orientador da biblioteca do Serviço Social do Comércio (Sesc) de Ponta Grossa, o Sesc Estação Saudade, de forma online pela plataforma Teams.
Em cada encontro é debatido um aspecto da obra literária, sempre relacionando com o cinema. O Auto da Compadecida, apesar de sua grande visibilidade, não tem o mesmo destaque na literatura. João Agner, formado em Letras e orientador da biblioteca do Sesc Estação Saudade, inicia perguntando se os participantes já leram ou tiveram contato com a obra literária. Ele explica que o clássico da dramaturgia literária na verdade surgiu com a inspiração dos cordéis, na cidade de Taperoá. É a cidade onde o autor da obra, Ariano Suassuna, nasceu.
Agner também explica a que se deve o sucesso e a popularidade da obra cinematográfica. O Auto da Compadecida, com os atores que conhecemos na versão de 2000, surgiu primeiro como uma minissérie exibida na TV aberta durante os anos 90. “O filme foi para a televisão antes da sala de cinema. Chegou a um público maior, é um dos filmes de maior acesso. Todo mundo conhece o Chicó e o João Grilo”, observa.
A obra literária é menos conhecida do que o filme, que fez sucesso somente na sua terceira adaptação. O Auto da Compadecida apresenta diversas temáticas presentes nos cordéis como o bem contra o mal, traições, religião, religioso contra o profano e a moral. Ariano Suassuna escreveu O Auto da Compadecida inicialmente para uma peça de teatro. João Agner observa que esses traços estão presentes na obra cinematográfica também. “Tem poucas cenas de close no filme porque inicialmente O Auto da Compadecida foi escrito para o teatro. No teatro, os gestos são muito expansivos. É preciso que a plateia toda veja o que eu estou segurando”.
Foram gravadas muitas cenas em plano sequência para a produção do filme. João Agner também destaca a caracterização dos personagens João Grilo e Chicó no filme. Eles encarnam gestos do palhaço, muito presentes na obra de Suassuna.
O CineLiteratura é gratuito e online, desenvolvido na plataforma Teams todas as sextas-feiras do mês, com início às 15 horas. No mês de maio a obra cinematográfica a ser debatida é Amor de Mãe.