Acorda o dia,
vem o frio, sorrateiro,
e se arrasta pelo quarto,
macio e calmo.
Meus sentidos
já reconhecem
o início do dia,
o florescer da manhã.
Lento, preguiçoso,
o sol também
se atrasa em acordar,
um pé de cada vez,
vou abrindo meus olhos
e o meu eu para o mundo,
ambas gavetas fechadas.
Acorda o pássaro
no vazio do concreto,
e as esquinas espiam
esse raio de alegria
na manhã gelada.
O perfume do café
anuncia a batalha,
o eterno retorno,
a coragem em enfrentar
as dores de viver.
E desamparado
caminho para a guerra,
cabeça erguida,
olhar suave,
envolto nessa esperança,
nessa vontade de felicidade,
caminho estreito,
pés no chão,
coração aberto
para o dia que virá.